Jan Ullrich fala abertamente sobre seus problemas com doping e revela: “se tivesse falado, teria arrastado muita gente”
Jan Ullrich, ex-campeão do Tour de France (1997), está desfrutando de boa saúde após enfrentar muitos desafios. Durante um período difícil, o ciclista alemão teve que lidar com a luta contra o vício em drogas e álcool. Em uma entrevista ao jornal alemão Stern, Ullrich confirmou que a cocaína teve um impacto transformador em sua vida, fazendo com que se tornasse um “monstro” em um piscar de olhos.
Operação Puerto
Apesar de sua vitória no Tour de France em 1997, Jan Ullrich nunca conseguiu replicar esse sucesso nos eventos subsequentes. Em 2006, sua participação no Tour de France foi negada de última hora devido ao seu envolvimento na Operação Puerto, resultando em uma suspensão posterior por doping imposta pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS).
Em 2013, Ullrich admitiu o uso de doping, mas revelou poucos detalhes nos anos seguintes. Durante uma entrevista à revista Stern, ele revelou como teve contato com substâncias proibidas.
“Se você quisesse manter o nível, teria que utilizar”
“Aprendi: você tem um talento enorme, treina com muita dedicação e tem toda a qualidade necessária”, começa Ullrich.
“Mas se você quisesse manter o nível, teria que utilizar. A percepção generalizada na época, era que sem doping seria como entrar num tiroteio, armado apenas com uma faca. A atitude geral era: como você vai sobreviver em uma corrida se não aguentar? Aí você anda no pelotão e sabe que provavelmente é um daqueles que corre por nada.”
Advogados orientaram a manter o silêncio
A história do doping teve um impacto em Ullrich, diz ele. No entanto, ele guardou tudo para si por muito tempo. “Meus advogados me aconselharam a permanecer em silêncio. Segui o conselho deles, mas sofri as consequências por muito tempo.”
“Em 2006 não pude falar, porque não queria ser um traidor: se tivesse falado, teria arrastado muita gente para a minha armadilha. Não foi fácil permanecer em silêncio durante tantos anos. Meu passado pesou muito em minha alma.”
Isso levou a um período mentalmente difícil, no qual Ullrich buscou refúgio na bebida e nas drogas. “Eu não poderia cair mais fundo do que isso. O vinho virou uísque. No início bebia uma garrafa por dia, depois no máximo duas. Foi uma anestesia completa”.
Já a cocaína me transformou em um monstro em um instante.” No entanto, quando sua esposa ameaçou impedi-lo de ver os filhos, Ullrich procurou ajuda médica. “Eu sabia que tinha que fazer algo se quisesse vê-los novamente. Agora estou com fome de vida novamente”, finalizou Jan Ullrich.