Imprensa francesa acusa Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard de suposto esquema de doping
Nos últimos anos, o domínio de Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard tem atraído grande atenção e levantado dúvidas em certos meios de comunicação, especialmente na França.
A RadioFrance, um dos veículos mais influentes do país, trouxe à tona nesta sexta-feira, questões sobre a impressionante força dos dois ciclistas, sugerindo que um suposto esquema de doping poderia estar por trás de seus desempenhos espetaculares.
Observações na respiração de Tadej Pogacar
Um médico francês, que optou por permanecer anônimo, levanta suas dúvidas sobre o desempenho dos atletas, analisando especificamente a respiração de Tadej Pogacar durante as competições.
“Se a boca estiver fechada, significa que a oferta de oxigênio é perfeita. Assisti Pogacar no Giro e isso tirou minha vontade de assistir ciclismo. Nas últimas centenas de metros ele apresentou um estado de frescor incompatível com a energia desenvolvida”, comentou o médico, que trabalhou por anos para uma equipe do WorldTour.
Fatores tecnológicos justifica diretor da TotalEnergies
Enquanto Maxime Robin, diretor de desempenho da TotalEnergies, destaca o papel fundamental dos avanços tecnológicos no ciclismo moderno, especialmente no que diz respeito à aerodinâmica. “Foram feitos grandes progressos em termos de aerodinâmica”.
Ele menciona que cada detalhe do equipamento é cuidadosamente estudado: “O tecido da camisa é trabalhado, mas também o capacete, os óculos, as luvas… Todos os parâmetros do corpo humano e da bicicleta são examinados para serem os mais aerodinâmicos possíveis”, explica Robin.
Diretor de desempenho da Federação Francesa (FFC) contesta
“Estes elementos não são suficientes para explicar a lacuna de desempenho ”, reage Emmanuel Brunet, gestor de investigação e desempenho da Federação Francesa de Ciclismo (FFC). “Entre as equipes do World Tour, todos têm praticamente o mesmo tipo de pneu, bicicleta ou equipamento.
Quase tudo é feito no mesmo lugar. O gestor acredita que “se houver diferença, provavelmente pode ser da genética”. Não somente de Pogacar, mas também do dinamarquês Jonas Vingegaard, cujos resultados também levantaram suspeitas, que teriam uma “genética diferente”.
“Tadej Pogacar não arrasou quando era Junior”
No final do Tour de France de 2023, que dominou largamente, Vingegaard também disse à imprensa: “deve ser genético”. “O que nos questiona”, rebate Emmanuel Brunet, “é que não notámos esta genética diferente quando eles corriam nas categorias Junior e Sub-23” .
Pogacar terminou em terceiro no Campeonato Europeu de Juniores em 2016, mas “não arrasou a competição, como faz hoje”, lembra o diretor de desempenho da FFC. O questionamento seria ainda mais forte para Vingegaard, que “competiu na categoria Junior em relativo anonimato”, segundo Emmanuel Brunet.
Colega de Tadej Pogacar justifica boas performances
Nem todos os comentários na França apontam para suspeitas. O ciclista francês Alexys Brunel, que competiu pela UAE Team Emirates em 2022, afirma que o desempenho impressionante de Pogacar pode ser explicado, em parte, pelos métodos de treinamento da equipe.
“Eu me faria perguntas, se não tivesse feito nenhum progresso. Graças às técnicas de treino da equipe, consegui 50 watts a mais em 25 minutos e mais 25 watts nos outros 20 minutos!”, comentou Brunel, explicando que viu um aumento significativo em sua potência ao adotar as rotinas de treinamento da equipe.
Ele destaca que, na UAE Team Emirates, há uma forte ênfase na intensidade e duração dos treinos, o que poderia justificar os resultados extraordinários de Pogacar. “Na UAE Team Emirates nada é deixado ao acaso e é por isso que o desempenho de Tadej não surpreende”, finalizou o ciclista.
