Primoz Roglic revela sua adaptação ao estilo de Tadej Pogacar “antes poupávamos energia, hoje com 100km você pode perder a corrida”
Em um cenário onde os jovens ciclistas dominam as Classificações Gerais dos Grand Tours, Primoz Roglic se destaca como uma exceção. Aos 35 anos, ele é o único ciclista que venceu uma dos três Grand Tours nos últimos seis anos, já na casa dos 30 anos. Para Roglic, no entanto, a ascensão de uma nova geração não é um obstáculo, mas uma fonte de motivação.
O desafio de seguir os passos da geração mais jovem
Com quase uma década competindo no WorldTour, Roglic encontra inspiração nos desafios trazidos pela evolução do ciclismo. O 4x Campeão da Vuelta a España e vencedor do Giro d’Italia 2023, ele encara a necessidade de adaptação como um estímulo.
“Isso é algo que me atrai, eu diria”, disse Roglic em entrevista ao Cyclingnews. “Eu realmente não preciso vencer qualquer corrida para dizer que isso mudará minha carreira, porque estou realmente feliz com tudo que conquistei. Mas, ainda assim, (há) sempre desafios que podem te empurrar para frente.”
A transição para a Red Bull-Bora-Hansgrohe é apenas uma das muitas mudanças em sua trajetória recente. O ciclista observou como o estilo de corrida evoluiu desde 2019. “O que é um desafio para mim é simplesmente continuar seguindo esses passos da geração mais jovem… tentar me adaptar a esse tipo estilo de corrida.”
“Com Pogacar com 100km você pode perder tudo”
Entre os representantes dessa nova geração, ninguém tem causado mais impacto que Tadej Pogacar. O compatriota de Roglic tem alterado a dinâmica das competições com sua agressividade e consistência.
“No passado, corríamos poupando energia para os momentos certos”, afirmou Roglic. “Hoje em dia, ou especialmente nas corridas contra ele (Pogacar), todo dia é decisivo. Desde o primeiro dia, com 100 km para o final, você pode estar lá com ele ou pode perder tudo.”
Embora reconheça a superioridade de Pogacar, Roglic mantém uma abordagem serena diante do desafio. “Sim, com a idade, você perde em alguns aspectos”, admitiu. “Mas, por outro lado, você ganha experiência. Eu tento sempre melhorar e ser a melhor versão de mim mesmo.”
Adaptação à Red Bull Bora-hansgrohe
Após oito anos na Jumbo-Visma, Roglic enfrentou o desafio de se adaptar rapidamente à Red Bull-Bora-Hansgrohe. Apesar das dificuldades, ele trouxe uma vitória significativa para a equipe ao conquistar a Vuelta a España 2024.
“Tudo era completamente novo, completamente diferente, e as coisas que conseguimos este ano foram incríveis”, celebrou. “Estou realmente feliz e orgulhoso.”
Ainda assim, a transição não foi fácil. “É diferente”, comentou sobre sua nova equipe. “Mas agora depende de mim acelerar esse processo, ajudar a crescer e alcançar o melhor para todos – eu mesmo, os outros ciclistas e todos os aspectos da equipe.”
“Seria incrível vencer o Tour, mas sem ele, tudo ficará bem…”
Apesar das conquistas, o Tour de France continua sendo o título que falta em sua coleção. Roglic reconhece o peso desse desafio, mas mantém a perspectiva. “Seria incrível adicionar isso ao meu palmarés, mas também, sem ele, tudo ficará bem… a Terra continuará girando.”
O histórico de lesões no Tour não o desanima, com três abandonos nas últimos 3 edições em que competiu. “Se eu pensasse assim, provavelmente nem seria ciclista”, disse o ex-saltador de esqui. “Comecei a pedalar aos 23 anos, e foi cheio de desafios desde o início.”
Com mais um ano de contrato com a Red Bull-Bora-Hansgrohe, Roglič mantém o foco no presente. Sobre uma possível aposentadoria, ele concluiu: “Queremos ir para a próxima temporada e, então, veremos.”