Campeão italiano revela que evita medidores de potência e não usa frequencímetro “muitas vezes isso é uma obsessão”
Alberto Bettiol (XDS Astana Team), vencedor do Tour de Flanders 2019, fez uma profunda análise sobre o impacto crescente da tecnologia e dos dados no ciclismo contemporâneo, em entrevista ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport.
O italiano, surpreendentemente mudou da EF Education para a Astana, no meio da temporada de 2024, não hesitou em criticar o que considera uma perda de sensibilidade no desporto.
Ciclistas atuais com pouca sensibilidade
“Os corredores de hoje têm pouca sensibilidade”, afirmou Bettiol. “Já vi tantos treinando sozinhos, com os olhos grudados no computador. Você passa horas trancado em uma área, isolado… As pessoas conversam cada vez menos.”
Bettiol criticou duramente o foco excessivo em métricas e dados, que, segundo ele, tem sufocado o lado humano e coletivo do ciclismo.
“Há muito foco em números, dados, watts… Muitas vezes isso se torna uma obsessão.” Para o italiano, a obsessão pelos números compromete a essência do esporte, que sempre esteve enraizada no trabalho em equipe e na intuição.
“Nunca usei monitor de frequência cardíaca durante a corrida”
Diferente de muitos colegas, Bettiol revelou que tomou uma decisão ousada ao reduzir o uso de tecnologia durante as competições.
“Nunca usei monitor de frequência cardíaca durante a corrida e, quando pude, não levei o medidor de potência”, compartilhou.
Sua abordagem vai contra a tendência atual do esporte, mas reflete sua crença de que o ciclismo deve envolver mais do que números.
“No dia da prova você precisa saber responder por si mesmo”
Para Bettiol, a preparação é essencial, mas o momento da competição exige algo além de dados e cálculos. “Quando você está estudando para uma prova, você precisa de livros e de uma calculadora. Mas no dia da prova – que, para mim, é a corrida – você precisa saber responder por si mesmo”, concluiu o italiano.