Diretor da UAE revela como descobriu o fenômeno Tadej Pogacar “ele concordou com a fuga de 44km imediatamente”
A temporada de 2024 foi marcante para a UAE Team Emirates, com grandes conquistas, incluindo as vitórias gerais no Giro d’Italia e no Tour de France, além de dois triunfos em Monumentos.
No entanto, para o diretor esportivo Joxean Fernández Matxin, o desempenho da equipe ainda não merece nota máxima. “Eu daria um B+ à nossa temporada”, afirmou Matxin em entrevista ao Eurosport Alemanha, destacando a busca constante pela excelência.
“Você não pode dar nota A a esta temporada”, continuou ele. “Isso aconteceria se você tivesse alcançado a excelência e a perfeição. E ainda não temos isso.”
“Se vencemos 81 corridas, queremos 82”
Embora os resultados sejam fenomenais, Matxin enxerga espaço para melhorias e não hesita em traçar metas ainda mais ambiciosas para a UAE Team Emirates.
“Ganhar o Giro, o Tour e a Vuelta”, declarou, apontando para a supremacia alcançada pelo rival Jumbo-Visma em 2023, quando Primoz Roglic venceu o Giro d’Italia, Jonas Vingegaard venceu o Tour de France e Sepp Kuss triunfou na Vuelta a España.
“Temos grandes ciclistas, então por que não deveríamos poder lutar pela Vuelta? Levamos grandes ciclistas, mas ainda assim não conseguimos”, enfatizou Matxin. Para ele, a filosofia da equipe é buscar constantemente a evolução.
“Se vencermos 81 corridas, queremos 82. Se formos a melhor equipe do mundo, queremos ser isso de novo. Se vencermos com 20 pilotos diferentes, queremos vencer com 21. Queremos sempre melhorar”, declarou.
Aprendendo com os contratempos
Parte do sucesso da UAE Team Emirates deve à capacidade de aprender com os próprios erros e com as outras equipes. Matxin relembrou um momento difícil no Tour de France de 2022, quando Tadej Pogacar foi isolado pela Jumbo-Visma na 11ª etapa, no Col du Galibier, finalizando na 6ª posição, 2min 51seg após Jonas Vingegaard, vencedor da etapa.
“Em comparação, este ano: mesma foto, mesmo cenário, mesmo local – mas a situação foi exatamente o oposto. É preciso aprender com os erros, mas também com as outras equipes”, ressaltou o diretor esportivo.
Esse aprendizado, aliado ao talento de Pogacar, foi essencial para consolidar a UAE Team Emirates como uma potência no ciclismo mundial.
A descoberta de Tadej Pogacar durante a Vuelta a España
Matxin também lembrou o momento em que ele percebeu estar diante de um ciclista extra-classe. Isso aconteceu na 20ª etapa da Vuelta a España de 2019, com chegada em Plataforma de Gredos, quando Pogacar venceu a etapa com 1min 32seg de vantagem sobre Alejandro Valverde, 2º colocado.
“Naquele momento, a equipe decidiu atacar faltando cerca de 44 km, porque não havia como recuperar muito tempo na última subida. Quando lhe foi sugerido, ele concordou imediatamente, sem qualquer hesitação”, disse Matxin.
“Agora, 44 km parecem uma caminhada, depois dos 100 km que ele percorreu sozinho no Campeonato Mundial. Mas naquela época ele era um ciclista de apenas de 19 anos.”
“Eu vivi e vi Tadej Pogacar vencer”
Para Matxin, Pogacar é um talento único. “Acho que Tadej é um presente para todos que amam andar de bicicleta. Todos nós que estamos vivendo este momento, olharemos para trás daqui a alguns anos e diremos: ‘Eu vivi e vi Tadej Pogacar vencer’”, concluiu o dirigente espanhol.