Ex-ciclista e atual comentarista lança a polêmica: “proíbam as rodas tubeless sem gancho”

Durante toda a temporada, o ex-ciclista Sep Vanmarcke tem levado os fãs aos bastidores do pelotão profissional, abordando temas como equipamentos, treinamento e nutrição em sua coluna no jornal belga Het Nieuwsblad.

Em um artigo publicado nesta quarta-feira, ele levanta uma polêmica sobre as rodas tubeless sem gancho (hoockless) e faz um apelo direto à UCI: “Meu apelo à UCI é claro: proíba. O acidente de Marc Brustenga em alta velocidade na Etoile de Bessèges foi causado por um aro sem gancho.”

O acidente de Marc Brustenga

Vanmarcke destaca que muito já se discutiu sobre as condições inseguras da Etoile de Bessèges, onde metade do pelotão abandonou a corrida devido à presença de carros no percurso, resultando em um acidente. No entanto, ele chama a atenção para outro incidente ocorrido na segunda etapa da competição: a queda de Marc Brustenga, da Equipo Kern Pharma.

“Aparentemente sem motivo, ele perdeu o controle da bicicleta em alta velocidade e caiu. Quando vi isso acontecer, pensei imediatamente: isso é por causa dos aros hookless que ele está usando.” A Equipo Kern Pharma tem a Cadex como patrocinadora de rodas, e essa empresa comercializa aros sem gancho.

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Brustenga momentos antes da queda

*Nota do editor: A equipe justificou o acidente, alegando que a roda teria sofrido um forte impacto com um buraco anteriormente, e portanto, teria uma avaria, causando a explosão do pneu.

“Algumas centenas de metros antes do furo, Brustenga entrou em uma rotunda (rotatória no Brasil) e atingiu um buraco, que danificou levemente o aro do CADEX devido à velocidade”, diz o comunicado da Kern Pharma.

“No entanto, ele sentiu que poderia continuar pedalando, e continuou. O pneu só saiu do aro quando o aro não conseguiu mais suportá-lo devido ao acidente anterior”.

“Brustenga estava usando rodas CADEX 50 Ultra Disc, que temos usado nas últimas três temporadas com um desempenho excepcional”, complementou a equipe.

O que são os aros hookless?

Vanmarcke explica que os aros sem gancho são uma inovação recente no ciclismo. “Com aros normais, ou aros de gancho, há uma borda interna que segura o pneu no lugar. Nos últimos anos, os fabricantes passaram a desenvolver aros sem essa borda”.

“Eles defendem essa tecnologia com base em alguns argumentos: os aros sem gancho são mais baratos de produzir, mais leves e permitem um ajuste mais firme do pneu, tornando a bicicleta mais aerodinâmica e veloz. Além disso, possibilitam o uso de pneus mais largos, o que reduz a resistência ao rolamento e melhora o desempenho.”

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No entanto, Vanmarcke alerta para um problema grave: “Tudo isso parece ótimo, mas há uma grande desvantagem: não é nada seguro. Como não há uma borda segurando o pneu, se ele furar, simplesmente se solta do aro. Foi o que aconteceu com Brustenga: ele teve um furo em alta velocidade e o pneu saiu do aro, tornando a queda inevitável.”

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Brustenga cruzou a linha de chegada com a bicicleta e o pneu estourado

“Meu apelo é claro: proíbam os aros sem gancho”

Muitos ciclistas compartilham essa preocupação, mas têm pouca autonomia na escolha do equipamento. “Ouvi dizer que há insatisfação entre os ciclistas sobre os aros sem gancho, mas a decisão final é dos patrocinadores das equipes. Se um patrocinador exige o uso desses aros, os ciclistas têm que aceitar.”

Vanmarcke defende uma mudança de postura por parte da UCI: “Talvez a UCI ainda não perceba o quão perigoso isso é. Isso pode ocorrer porque não há ninguém no pelotão recentemente aposentado com conhecimento suficiente sobre esse tipo de questão. As equipes também evitam tocar no assunto para não expor seus patrocinadores”.

Para Vanmarcke, o risco dos aros sem gancho é alto demais para ser ignorado. Ele reforça seu apelo à UCI para que tome medidas rápidas: “Meu apelo é claro: proíbam os aros sem gancho. A segurança dos ciclistas deve estar sempre em primeiro lugar.”

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