Ex-diretor de Marco Pantani analisa favoritos no Giro d’Italia “Juan Ayuso precisa ter cuidado, senão perde ou nem termina”
O aguardado Giro d’Italia 2025 está prestes a começar, com a Grande Partenza na próxima sexta-feira em Tirana, Albânia, onde as três primeiras etapas serão disputadas. A proximidade da competição intensifica as expectativas em torno dos confrontos que se iniciarão no dia 9 de maio.
Em entrevista ao jornal La Gazzetta dello Sport, Giuseppe Martinelli, ex-ciclista e diretor esportivo que guiou o lendário Marco Pantani à vitória em 1998, compartilhou suas projeções, apontando Primoz Roglic (Red Bull Bora-hansgrohe) como o principal candidato a vestir a Maglia Rosa na etapa final em Roma.
“O Giro é sempre lindo, não tem como não ser”
Questionado sobre o tipo de corrida que se pode esperar, Martinelli, que como diretor venceu o Giro d’Italia em 6 oportunidades, expressou grande entusiasmo: “Lindo, e deixe-me explicar. O Giro é sempre lindo, não tem como não ser. Mas este me parece particularmente lindo pelas muitas ideias que traz.”

O duelo Primoz Roglic contra Juan Ayuso
O italiano iniciou respondendo se para ele, o cobiçado troféu seria disputado somente pelos dois principais nomes da competição, Juan Ayuso (UAE Emirates-XRG) e Primoz Roglic (Red Bull Bora-hasngrohe). A resposta de Martinelli foi direta e incisiva:
“Sim. Com um título talvez um pouco antiquado, é o cofre de segunda mão contra o novo que está avançando.” Essa analogia sugere um embate entre a experiência consolidada de Roglic e a ascensão promissora de Ayuso.

“Com certeza colocarei o Roglic na frente”
Ao ser questionado se considera os dois ciclistas em pé de igualdade, Martinelli não hesitou em apontar um favorito claro: “Não. Com certeza colocarei o Roglic na frente, já que ele já venceu 5 Grand Tours”.
“E ele sabe muito bem que não terá muitas outras oportunidades como esta para vencer novamente, considerando que aparenta ter 36 anos (Roglic fará 36 anos em 29 de outubro, ed.).”
Martinelli também foi convidado a atribuir uma classificação em “estrelas” aos dois principais contendores: “Cinco para Roglic, quatro para Ayuso. Sempre apreciei Primoz, mas confesso que gostaria de ver o Ayuso do momento vencer, no sentido da chegada de um novo e jovem forte ciclista”.

“Juan Ayuso precisa ter cuidado, senão perde ou nem termina”
A respeito do potencial de Ayuso, Martinelli ponderou: “Ele é forte. Mas precisa ter cuidado. Sem exagerar, senão perde a corrida ou talvez nem consiga terminar”.
“Ele é um menino de ouro, mas precisa ser gerenciado da melhor maneira possível. E precisa se lembrar da experiência de Roglic, que venceu o Giro ultrapassando Thomas no final (2023).”

“O Giro será vencido nas duas etapas com chegadas em Champoluc e Sestriere”
Ao analisar o percurso da competição, Martinelli apontou claramente os momentos cruciais: “Olhando para a rota: os dias decisivos? Aqueles da terceira semana.” E ao ser confrontado com a possibilidade de ser um clichê, ele nega:
“Este ano, não. Este ano, o Giro será realmente vencido no final, nas duas etapas entre Val d’Aosta e Piemonte, as chegadas em Champoluc e Sestriere (19ª e 20ª etapa). A etapa de Champoluc é longa como nenhuma outra. E então, alguns dias antes, a chegada em Bormio… Vai ser divertido”, afirmou o italiano referindo-se a 17ª etapa.
“Não vejo muitas diferenças entre os grandes nomes, no entanto, nas duas primeiras semanas. Na estrada de terra em direção a Siena (9ª etapa), por exemplo, imagino equilíbrio.”

“Antonio Tiberi tem que andar na roda de Roglic, como eu disse ao Pantani”
Voltando à análise individual dos ciclistas, Martinelli indicou um nome que segundo ele deve completar o pódio em Roma: “Voltemos à análise dos indivíduos: quem poderia ser o ‘terceiro homem’? Tiberi. Meu último ciclista no pódio em Roma além de Roglic, Ayuso é Tiberi (Antonio-Bahrain Victorious). E Antonio precisa pedalar como Ayuso.”
“Se você fosse o DS dele, o que você aconselharia? O objetivo, como eu dizia, é o pódio. E ele tem que andar na roda do Roglic, nunca desistir dele. Ele está lá, a equipe também. Eu diria a ele: ‘Temos que subir ao pódio, a Itália precisa’. Um pouco como eu disse ao Pantani naquele Tour de 1998…”.

“Estou torcendo por Wout Van Aert”
Para finalizar a entrevista, Martinelli expressou sua torcida para o vencedor da primeira etapa: “Vamos encerrar com a primeira camisa rosa: quem será? Espero, e estou torcendo por Wout Van Aert. A Visma precisa focar tudo nele, que pode dar tanto ao Giro. E ele precisa vencer como o ar que respira.”