Primoz Roglic passa por adaptação para enfrentar Tadej Pogacar “eles atacam a 50 a 60 km do final e seguem” afirma treinador
Primoz Roglic (Red Bull Bora-Hansgrohe) chega ao Giro d’Italia 2025 com apenas 12 dias de competição acumulados na temporada, uma diferença considerável em relação aos 17 dias do jovem Juan Ayuso (UAE Emirates-XRG), seu rival direto na Corsa Rosa. Mesmo assim, muitos ainda o consideram o principal favorito ao título.
Aos 35 anos, o esloveno prefere adotar uma postura mais contida em relação a essa pressão. Seu foco, segundo o treinador Marc Lamberts, está mesmo no Tour de France.
Neve e gelo prejudicaram treinamento em altitude
“Os últimos três meses foram um bom período de preparação, mas nem sempre foi fácil”, diz Lamberts ao canal holandês WielerFlits. “Ainda me lembro do nosso treinamento em altitude em março, que não foi dos melhores”.
“O tempo estava ruim e ele sofreu muito com o frio em Tenerife. Havia neve e gelo nas montanhas, o que não foi o ideal. Felizmente, a Volta a Catalunya correu bem. Depois, tiramos uma semana de folga e treinamos em altitude por três semanas em Tenerife. Depois do Giro, haverá outro treino em altitude antes do Tour.”

“Para o Giro ele deve ter melhorado o nível em alguns pontos percentuais”
Apesar das dificuldades enfrentadas nos primeiros estágios da preparação, o técnico acredita que Roglic conseguiu recuperar o tempo perdido e evoluir conforme o planejado.
“Não devemos dramatizar. Ele conseguiu fazer tudo o que precisava, mas se você tem que treinar com mau tempo, isso faz diferença mentalmente”, explicou Lamberts.
“Na Catalunha, Primoz provou que seu nível já era bastante bom e para o Giro d’Itália ele deve ter melhorado esse nível em alguns pontos percentuais. Eu estava em Tenerife, ele estava feliz e forte novamente.”

“Eles sempre começam a atacar 50 a 60 km do final”
A realidade do ciclismo mudou nos últimos anos, especialmente com o estilo agressivo de corridas protagonizado por Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard. Por isso, Roglic precisou atualizar sua abordagem nos treinamentos para se manter competitivo.
“Ele começou a treinar de forma diferente. O que ele costumava fazer era seguir, seguir, seguir. Se ele ainda estivesse lá nos últimos 500 metros, ele venceria. Mas em 2025, as corridas serão diferentes”, afirmou Lamberts.
“Se ele ainda tivesse o mesmo perfil de 5 anos atrás, não acho que ele ainda estaria entre os 5 primeiros do Grand Tour. Mas seu treinamento foi ajustado, com mais ‘durabilidade’ e ‘resistência à fadiga’, em detrimento da explosão”.
“Isso era necessário, se eles sempre começam a atacar 50 a 60 km do final e simplesmente seguem em frente.”

“Primoz tomou a decisão de participar do Giro e do Tour”
A escolha de disputar o Giro não é, segundo o treinador, uma forma de evitar confrontos diretos com Pogacar ou Vingegaard. Na verdade, ela foi cuidadosamente considerada, mesmo com divergência de opiniões dentro da equipe.
“Eu não diria isso. Na verdade, na cabeça dele, o Tour de France ainda é o objetivo principal. É a única corrida que ele ainda não venceu”.
“Além disso, a equipe era a favor de participar do Giro. O próprio Primoz tomou a decisão de participar do Giro e do Tour. Conversamos muito sobre isso, mas eu, sinceramente, não era a favor.”

“A última semana do Giro será decisiva”
Com um percurso exigente, que inclui trechos de cascalho e dois contrarrelógios, o Giro de 2025 promete ser uma prova de resistência e estratégia. Lamberts reconhece que o perfil da prova não favorece totalmente Roglic, mas ainda assim acredita em suas chances.
“A última semana, em particular, será decisiva, com a etapa de cascalho e dois contrarrelógios. Ele precisa estar o melhor possível lá. Seu nível está próximo ao da Vuelta do ano passado, mas, como eu disse, o percurso não lhe convém tanto”.
“Acho que ele merece um pódio. Ele pode vencer, mas depois tudo tem que correr bem. O clima também, e ele não pode ter muitos problemas na etapa de cascalho”, finalizou Lamberts.