“Isaac Del Toro é tão forte que dá medo” Johan Bruyneel analisa a força da UAE e do Maglia Rosa, assista o vídeo
Poucos analistas no ciclismo atual reúnem o nível de conhecimento tático, experiência e rede de contatos que Johan Bruyneel carrega.
No episódio mais recente do podcast The Move, o belga mantém suas atenções para o Giro d’Italia e, em especial, para a movimentada 11ª etapa. Bruyneel destacou a dinâmica da etapa, especialmente o ataque de Egan Bernal (INEOS), momentos antes da grande montanha da etapa (Alpe San Pellegrino) e a postura um tanto nervosa do Maglia Rosa, Isaac Del Toro (UAE Emirates-XRG).
Ataque de Egan Bernal e aparente nervosismo de Isaac del Toro
Segundo o ex-diretor esportivo de Lance Armstrong, o jovem mexicano cometeu um erro de novato, algo compreensível dadas as circunstâncias e a inexperiência em Grand Tours (logo após a etapa, Del Toro confirmou que esperou o movimento dos ciclistas mais experientes, pois não esperava o movimento).

“Na subida, Primoz Roglic estava isolado”
O ex-dirigente ficou visivelmente impressionado com a atuação da UAE Team Emirates ao longo da jornada, tanto na subida de San Pellegrino quanto no restante da etapa.
“Na subida, Primoz Roglic estava isolado, a UAE impunha um ritmo para evitar ataques. Egan Bernal tentou e logo após a UAE impôs um ritmo para evitar quebrar o pelotão com ataques. Rafal Majka, voltando ao seu auge, impôs um ritmo que ninguém conseguiu segurar.”
O trabalho da equipe não parou por aí. Bruyneel ressaltou a importância simbólica e prática de manter todos os ciclistas juntos após momentos duros da prova:
“Então, a UAE estava muito forte e muito conservadora. Se você observar o que aconteceu depois da subida de San Pellegrino, a UAE se recompôs e manteve todos os oito ciclistas juntos”.

“Você não consegue entender como isso te faz sentir como equipe, o conforto que isso te dá, ver que todos estão sofrendo e cansados e você tem seus oito ciclistas lá. Isso dá uma sensação de segurança. A UAE estava muito forte, a cada ataque ou seleção eles tinham 3 ou 4 atletas, ou até mais.”
“Se Del Toro tivesse prosseguido, teria conseguido”
Ainda que a UAE tenha brilhado como coletivo, nem todos os líderes tiveram atuações convincentes. Bruyneel apontou que tanto Juan Ayuso quanto Primoz Roglic não viveram seu melhor dia na competição:
“Acho que Primoz Roglic e Juan Ayuso não tiveram um grande dia. Quando Del Toro saiu, Ayuso não seguiu na roda dele e precisou esperar que alguém diminuísse a diferença. Se ele (Del Toro) tivesse prosseguido, teria conseguido.”

A leitura foi semelhante sobre Roglic, cuja reação tardia ao movimento de Del Toro foi vista como um sinal de alguma limitação no momento:
“Com Roglic, o mesmo aconteceu, ele estava um pouco atrás e não reagiu rápido. Quando Del Toro saiu, Caruso e Tiberi foram com ele, então não foi grande coisa. Ainda não sei por que ele fez isso. A inexperiência e a empolgação fazem você fazer esse tipo de coisa.”
“Ele é tão forte que dá medo”
Apesar de criticar a impetuosidade do jovem mexicano, Bruyneel reconheceu o talento evidente de Isaac Del Toro, elogiando seu desempenho e força física:
“O que é certo é que ele é incrivelmente forte, ele ficou em segundo no final, ele teve a maior potência no final, nesse tipo de etapa ele corre sem corrente. Ele é tão forte que dá medo. Eu não me sentiria confortável se fosse um de seus rivais, incluindo Juan Ayuso.”
