A história pouco conhecida de Isaac del Toro: osteoporose, fraturas e críticas à estrutura do México

Após conquistar um impressionante segundo lugar em sua estreia no Giro d’Itália, Isaac del Toro se tornou o centro das atenções da mídia esportiva mexicana. No entanto, por trás do sucesso recente, há uma trajetória marcada por sérios problemas de saúde, dificuldades financeiras e uma estrutura esportiva pouco acolhedora.

Em entrevista à jornalista freelancer Katy López, o pai do ciclista, José del Toro, revelou detalhes pouco conhecidos sobre os bastidores da carreira do filho.

“As pessoas não sabem que ele teve osteoporose”

José del Toro compartilhou que a trajetória de Isaac foi tudo menos fácil. Por trás da figura do atleta de elite, esconde-se um jovem que já enfrentou diversos problemas médicos graves.

“As pessoas não sabem que ele teve osteoporose por muitos anos, que tinha tumores, uma falha no maxilar! Tudo porque ele se esforçou tanto”.

“Usou medicamentos, suplementos, coisas muito difíceis de pagar, porque o corpo de um superatleta não precisa só de feijão, precisa de muito dinheiro para consultas, medicamentos, suplementos, estudos…”, contou o pai.

Apesar da pouca idade, Isaac já passou por momentos delicados. No verão de 2022, por exemplo, sofreu uma fratura no fêmur durante um treino com a AR Monex Pro Cycling Team, equipe à qual pertencia antes de integrar a UAE Emirates-XRG.

“Nunca recebi nenhum tipo de ajuda”

Na conversa com Katy López, José del Toro também fez duras críticas à Comissão Nacional de Cultura Física e Esporte (CONADE), liderada por Rommel Pacheco. O dirigente havia atribuído parte do sucesso de Isaac ao apoio da entidade, o que gerou indignação no pai do ciclista.

“Eles sempre falam em quantias enormes, milhões e milhões, mas não conheço um ciclista que tenha sua viagem, passagem aérea ou inscrição pagas. Eu lutei muito com meus filhos e nunca recebi nenhum tipo de ajuda”, afirmou.

Isaac iniciou sua trajetória europeia com a AR Monex Pro Cycling Team, projeto mexicano de financiamento privado sediado em San Marino. Embora tenha sido um passo importante, não solucionou todas as dificuldades enfrentadas.

“Só porque eu estava com a Monex não significava que eu tinha tudo. Eu não era como um rei, sentado em uma poltrona, recebendo tudo. Sou grato à Monex pelo que eles fizeram; claro, foi uma ajuda, mas foi parte dela, não tudo.”

“México é o país onde vendem sua licença todos os anos”

As declarações de Pacheco provocaram sentimentos profundos em José del Toro, que lembrou das batalhas enfrentadas e de outros jovens talentos que não conseguiram seguir no ciclismo por falta de suporte.

“Sei que não sou nada, que não vou mudar nada e nada vai acontecer, mas, ao ouvir isso, senti uma grande frustração. Mil lembranças me vêm à mente e minha dor é pensar até em muitos companheiros de equipe do Isaac que já desistiram, que não estão mais nisso, porque é praticamente impossível continuar.”

José ainda mencionou uma peculiaridade do sistema esportivo mexicano que, segundo ele, prejudica a visibilidade internacional dos ciclistas do país:

“O México é o único país onde vendem seu número de licença todos os anos. No mundo inteiro, seu número de licença é vitalício, então a UCI conhece toda a sua carreira, e é por isso que a UCI não sabe nada sobre os ciclistas mexicanos.”

Pai está nos Estados Unidos e não pode acompanhá-lo

Durante o Giro d’Itália, a mãe de Isaac acompanhou o filho em diversas etapas. Já seu pai, que trabalha na construção civil nos Estados Unidos, não pôde estar presente por motivos legais relacionados à imigração.

“Precisei cruzar a fronteira para trabalhar e agora não posso sair, então não pude estar lá”, finalizou o pai à jornalista mexicana.