Amador que quebrou o recorde do Alpe d’Huez fala pela 1ª vez “fiz testes na Red Bull-Bora e na Israel-Premier Tech”
Jack Burke tem sido uma figura em ascensão neste final de temporada, não por suas conquistas em competições, mas por seus feitos impressionantes no Strava. Recentemente, o canadense quebrou recordes em subidas icônicas, como Stelvio, Mortirolo e Alpe d’Huez, chamando a atenção do mundo do ciclismo.
No entanto, sua história vai além de números e estatísticas; ela é marcada por resiliência, frustrações e uma inabalável determinação de alcançar o sonho do WorldTour.
“Você já é o sétimo jornalista a me entrevistar hoje”
Burke que se encontra na Áustria, na região de Innsbruck para a Ötztaler Radmarathon, prova que já venceu duas vezes, descreveu suas façanhas como algo não planejado. “Se você visse meus dados de treinamento deste ano, pensaria que é uma piada. Sou, na verdade, um ciclista amador”.
“Não era meu objetivo inicial estabelecer KOMs em todas essas subidas icônicas”, revelou ao Sporza, salientando seus momentos de fama “é meio maluco, você já é o sétimo jornalista a me entrevistar hoje.”
“Tenho um grande motor”
Além de suas performances impressionantes, o ciclista de 29 anos atraiu a atenção de cinco equipes profissionais. “Gostaria muito de me tornar ciclista profissional, competir no Tour de France e nas Olimpíadas”.
“Concordo que estabelecer um tempo no Strava não é o mesmo que correr no World Tour. Mas tenho um grande motor e sei como me comportar em um pelotão”, afirmou Burke.
Uma mancha no passado: suspeita de doping
Em 2013, Burke foi acusado de doping após testar positivo para Hidroclorotiazida. No entanto, ele conseguiu provar que a contaminação veio de uma fonte de água local.
“Eu era o melhor júnior canadense, mas de repente fui visto como um trapaceiro. Isso foi injusto”, declarou. Posteriormente, foi absolvido, mas o episódio afetou sua carreira.
Desafios na carreira profissional
Burke alternou entre corridas na América do Norte e na Europa, mas enfrentou dificuldades. “2020 foi um ano perdido devido à Covid e, em 2021, tive problemas com minha bicicleta”.
“Continuei perseguindo meu sonho na Europa e quase fiquei sem-teto”, contou. Atualmente, ele corre por um clube amador, mas fora do nível profissional.
Atropelamento em 2022
“No final de 2022, fui atropelado por um carro enquanto treinava. O motorista contou uma história diferente. Ele disse à polícia que eu já havia caído e que ele havia me encontrado.”
Os danos físicos não foram pequenos: Burke sofreu uma concussão, quebrou a coluna e machucou gravemente o rosto.
“Para pagar as despesas médicas, escrevi um livro sobre como se tornar um ciclista profissional. Também comecei uma série de podcasts sobre esse tema.” E foi esse podcast que reavivou seu sonho profissional. “Entrevistei um treinador e de repente ele elaborou horários de treino para mim.” Burke seguiu os cronogramas de treinos, começou a competir e a acumular vitórias.
O Retorno às Montanhas e os Recordes
No inverno, Burke decidiu testar seus limites na Europa. “Amigos do World Tour me disseram que eu deveria enviar meus dados do Strava para equipes profissionais, porque estavam impressionados. Em meados de outubro, fui ao pé do Stelvio para me testar.”
Ele bateu o KOM da subida, que anteriormente pertencia a Jai Hindley durante o Giro d’Italia 2020, quando o australiano competia no Team Sunweb.
Apoio de Sepp Kuss e contato com Visma-Lease a Bike
Entre os comentários sobre suas conquistas, Burke recebeu um incentivo especial. “Recebi uma mensagem do meu amigo Sepp Kuss: ‘Incrível, ótimo trabalho’. Ele ainda disse que avisaria sua equipe para ficar de olho em mim”, contou Burke, confirmando que a Visma-Lease a Bike está entre as equipes em contato com ele.
“Fiz testes na Red Bull-Bora e na Israel-Premier Tech”
Burke reconhece os desafios que enfrenta para se tornar profissional, especialmente devido à sua idade. “Temo que as equipes pensem que sou muito velho (29 anos). Mas acho que mereço uma chance”.
“Já participei de testes na Red Bull-Bora-Hansgrohe e na Israel-Premier Tech, mas por pouco não fui selecionado. Agora estou fazendo um último esforço para conseguir essa oportunidade”, concluiu Burke.
Apesar das adversidades, Jack Burke continua a sonhar alto, determinado a transformar sua história de amador em uma carreira profissional no ciclismo de elite.