Campeão da Paris-Nice entra na polêmica da Paris-Roubaix “os fãs querem ver ciclistas cobertos de sangue?”

No próximo domingo, uma nova chicane será introduzida no percurso do Paris-Roubaix, especificamente na preparação para o icônico Trouée d’Aremberg. Esta alteração tem provocado diversas reações no mundo do ciclismo, sendo o Adam Hansen, presidente do sindicato dos ciclistas (CPA) o responsável por essa mudança.

Trouée d’Aremberg é um dos principais setores da Paris-Roubaix

A entrada da Floresta de Wallers representa um dos momentos mais críticos e desafiadores do Paris-Roubaix. Devido à alta velocidade na entrada e, consequentemente, no setor de paralelepípedos, quedas são frequentes todos os anos.

Em resposta a essa preocupação, o sindicato dos pilotos CPA propôs uma solução: adicionar uma chicane antes da entrada da Floresta. A organização da prova demonstrou estar receptiva a essa ideia, atendendo assim ao pedido do sindicato.

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Acidentes são comuns na entrada do Arenberg

Entrar no setor a 60km/h

Apesar de algumas reservas quanto à nova abordagem ao Trouée d’Aremberg, Hansen acredita que a chicane é, de fato, uma melhoria significativa.

“Entrar na floresta a 60 quilômetros por hora aumenta o risco de colidir com o paralelepípedo errado”, explica o ex-ciclista ao Het Nieuwsblad.

“Isso pode resultar em furos nos pneus, falhas mecânicas ou quedas graves, como a sofrida por Mitch Docker em 2016.”

Confira o terrível acidente

Matteo Jorgenson defende mudança

O campeão da Paris-Nice, Matteo Jorgenson, que também venceu a Dwars Door Vlaanderen nesta temporada revelou seu apoio à mudança na Paris-Roubaix através de uma postagem no X, onde ele questiona se os fãs gostariam de assistir aos ciclistas cobertos de sangue, após queda em alta velocidade. Na postagem ele ainda coloca uma imagem de Mitch Docker coberto de sangue.

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Hansen reconhece que perigo continuará acontecendo

Hansen reconhece, no entanto, que a Floresta de Wallers continua sendo um ponto perigoso. “Estamos, de certa forma, deslocando o perigo, mas estamos também ampliando o controle que os ciclistas têm sobre essa situação”.

“Eles estão acostumados a fazer curvas desse tipo diariamente, mas a entrada na Floresta de Wallers não é algo comum. Desde os treinos até os sprints finais, frequentemente observamos curvas de 90 graus.”

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“Os ciclistas também disputam posições nesse trecho. Com a chicane, conseguimos aumentar o controle sobre a situação, fazendo com que eles ingressem na Floresta em uma velocidade mais reduzida, minimizando assim o risco de quedas graves”, destaca Hansen.

Tim Declerq também apoiou mudanças

O presidente do sindicato dos ciclistas ressalta que essa é uma solução amplamente apoiada pela comunidade ciclística “Muitos ciclistas insistiram em encontrar uma solução. Entrei em contato com a ASO, que inicialmente não estava convencida da ideia”, entre eles está o ciclista da Lidl-Trek, Tim Declerq.

“Fui um dos ciclistas que pediu a intervenção da ASO”, explicou Declercq em conversa ao jornal belga Het Laatste Nieuws. “É uma loucura, o setor está piorando ano após ano. Tantas corridas foram interrompidas por causa disso. Algo tinha que mudar.”

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Tim Declerq

“Todos dizem que as corridas de bicicleta deveriam ser mais seguro. Mas assim que alguém apresenta uma proposta, as desvantagens são apontadas”, conclui o experiente belga de 35 anos, que tem nove largadas na Paris-Roubaix. “Isso também é um ciclismo típico.”

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