Campeão do Tour de France espera ataque de Tadej Pogacar no início da Vuelta “ele atacará assim que chegar aos Pirineus”

O vencedor do Tour de France (1988) e da Vuelta a España (1985 e 1989), Pedro Delgado, negou em uma entrevista ao Cyclingnews, a ideia de que a participação de Tadej Pogacar (UAE Team Emirates XRG) na Vuelta a España 2025, possa comprometer sua defesa do título no Campeonato Mundial.

Além disso, o espanhol, acredita que Pogacar deverá assumir a liderança já no final da 1ª semana do Grand Tour espanhol, quando a competição chegará aos Pirineus.

Percurso da Vuelta favorece Tadej Pogacar

Para Delgado, o percurso desafiador da Vuelta não seria um problema para Pogacar. A edição de 2025 apresenta 10 chegadas ao alto, incluindo subidas desafiadoras já na segunda etapa, na Itália, e a icônica Bola del Mundo na 20ª etapa, nos arredores de Madri. Há ainda um Contrarrelógio por equipes e duas etapas nos Pireneus logo na primeira semana.

“A única maneira de tornar as coisas realmente complicadas para ele seria se houvesse apenas etapas planas, uma ideia que realmente não faz parte da narrativa usual da Vuelta”, brincou Delgado.

Mesmo o Angliru, que é considerado um desafio extremo, não seria determinante para o esloveno.
“Não é especialmente favorável para Pogacar, nem mesmo com o Angliru. Mas isso não importa. Dada sua superioridade física, basicamente ele pode fazer o que quiser. E essa é a grande diferença.”

Assim que chegar aos Pireneus (6ª etapa) ele irá para cima.

Delgado acredita que Pogacar adotará uma postura agressiva desde o início da Vuelta, ao invés de esperar as grandes batalhas na segunda semana. Ele sugere que o esloveno atacará já nos Pireneus.

“Eu não acho que ele esperaria o Angliru para atacar também. Assim que a corrida chegar aos Pireneus (6ª etapa), ele irá para cima. Ou se não, a chegada em Cerler (7ª etapa), que é uma etapa muito bem equilibrada com muitas subidas também, é outra opção”, afirmou Pedro Delgado.

Abordagem mais conservadora na 3ª semana

“Se ele participar, qualquer coisa que não seja uma vitória na Vuelta seria uma surpresa para ele e para sua equipe. Se ele estiver liderando na 3ª semana, caberá aos outros fazerem o esforço extra, enquanto Tadej pode adotar uma abordagem mais conservadora”.

“Portanto, não acho que disputar a Vuelta o prejudicaria gravemente, se é que o afetaria, para o Mundial”, afirmou “Perico” Delgado.
“Seus rivais estariam ficando cada vez mais cansados, tentando atacá-lo na última parte da Vuelta, mas como ele estaria pedalando no seu próprio ritmo, ele estaria se recuperando. Essa última semana não precisaria se tornar um esforço extra, especialmente cansativa, complementou o espanhol, de 64 anos.

Desafios da Vuelta e o Mundial de 2025

Delgado destacou que as etapas mais exigentes da Vuelta de 2025 estão concentradas na 2ª e 3ª semanas. Entre elas, os momentos decisivos incluem o temido Angliru (13ª etapa), considerada a subida mais difícil da Espanha, e a chegada ao topo da icônica Farrapona na 14ª etapa.

Quando questionado sobre o Mundial de 2025, Delgado afirma que o maior obstáculo será a altitude, mas minimizou sua complexidade:
“O maior desafio no Mundial de 2025 será a altitude, mas hoje em dia a maioria dos ciclistas está realmente acostumada a isso, porque eles treinam muito nas altas montanhas. A adaptação não será tão difícil para eles.”

“Com duas semanas, Pogacar tem tempo mais que suficiente para o Mundial”

Ele também argumentou que a idade de Pogacar seria um fator importante em sua recuperação.
“Quando você é jovem também, você se recupera mais rápido. Aos 30 ou 32, você precisa de 20 dias em vez de 10 dias para se recuperar de um Grand Tour. Então, muito provavelmente, novamente Pogacar (26 anos), teria que fazer um esforço menor do que o resto dos principais concorrentes.”

Com duas semanas entre a Vuelta e o Mundial, Delgado acredita que o esloveno teria tempo suficiente para se recuperar.
“Com duas semanas, ele tem tempo mais que suficiente, não precisaria treinar e então se tornaria o grande favorito no Mundial mais uma vez”, finalizou Pedro Delgado.