Caso Marco Pantani: policiais italianos denunciam irregularidades, máfia de apostas italiana pode estar envolvida

Dois agentes da polícia científica italiana denunciaram irregularidades na investigação da morte do ciclista Marco Pantani, indicando que não foram os primeiros a entrar no quarto do hotel onde o corpo do ‘Pirata’ foi encontrado, conforme relata o jornal italiano Tuttosport.

Peritos foram impedidos de entrar no local

“Meu colega e eu fomos instruídos a esperar do lado de fora. Houve pessoas que entraram na sala onde Pantani morreu, antes de nós. Pareceu-me estranho porque os peritos forenses deveriam ser os primeiros a ter acesso à cena do crime, uma vez que estamos equipados com sapatos, luvas e macacões”, declarou um dos agentes à Procuradoria de Trento, que investiga uma suposta conspiração criminosa envolvendo a máfia de apostas ilegais no Giro d’Italia de 1999, que supostamente teria levado à morte de Pantani.

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Pantani chegou a ser detido pela polícia italiana

Ministério Público reabriu o caso

Essas declarações reacendem um debate sempre presente na Itália sobre a morte do lendário ciclista, que faleceu em 14 de fevereiro de 2004, em um quarto do ‘Hotel Le Rose’, em Rimini. O caso polêmico foi reaberto pelo Ministério Público de Trento há um ano, com o objetivo de esclarecer definitivamente se Pantani foi vítima de homicídio ou overdose.

Em 2017, o Supremo Tribunal italiano já havia descartado a hipótese de homicídio, validando a teoria de overdose ao rejeitar um recurso da família do ciclista. No entanto, com a nova investigação, a família de Pantani tem novamente a oportunidade de defender a sua teoria, acreditando que o ciclista foi obrigado a ingerir cocaína diluída em água e que o suicídio teria sido simulado.

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Máfia precisaria pagar indenizações em apostas clandestinas

A investigação iniciada há um ano também aponta para a possível existência de uma rede de apostas ilegais gerida pela Camorra, a máfia napolitana, e para possíveis alterações nas amostras de sangue de Pantani durante os controles antidoping no Giro d’Italia de 1999, que acabaram por provocar sua eliminação da competição.

Esses controles revelaram uma concentração de níveis de hematócrito no sangue superior ao permitido, levando à suspensão de Pantani na última etapa de um Giro que ele dominava e estava prestes a vencer.

A Procuradoria de Trento obteve uma ata da Comissão Antimáfia que inclui declarações de um dos chefes de um importante clã da Camorra, que se tornou colaborador da justiça: “Se Pantani tivesse vencido o Giro d’Italia, teria explodido tudo e a Camorra teria que pagar vários bilhões em apostas clandestinas, correndo o risco de falência”, afirmou ele.

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