Ciclista português do World Tour comenta sobre Tadej Pogacar e as suspeitas de doping “podíamos dizer que ele era diferente, havia talento ali”
O ciclista português Rubén Guerreiro, de 30 anos, foi o convidado do podcast “Ontem já era tarde”, da SIC Notícias, onde partilhou momentos marcantes da sua trajetória, com o jornalista Luís Aguilar.
Desde a infância até a temporada atual na equipe espanhola Movistar, Guerreiro revelou detalhes de sua jornada, sem deixar de mencionar sua decepção, após a confirmação do doping de Lance Armstrong, seu ídolo na infância.
“Se falasse de ciclismo com meus amigos, falaria sozinho”
Guerreiro contou que sua paixão pelo ciclismo começou depois de abandonar o futebol. “Treinei no Samora Correia”, revelou o ciclista de Montijo. O interesse pelo ciclismo surgiu em parte por influência de seu pai, também ciclista. “Se eu falasse do Tour de France com meus amigos, estaria falando sozinho. Eles só gostavam de futebol.”
O jovem Rubén participou de corridas informais e eventos como maratonas e meias maratonas e revelou que iniciou oficialmente sua carreira, em uma competição federada aos 15 anos.
“Podíamos dizer que Tadej Pogacar era diferente”
Durante a entrevista, Guerreiro também falou sobre Tadej Pogacar, cuja temporada vem sendo comparada às conquistas de Eddy Merckx. “Ele teve uma das melhores temporadas da história”, elogiou Guerreiro, acrescentando que viu o talento de Pogacar desde o início.
“Você pode ver os resultados. Eu o conheci muito jovem, ele nunca foi meu companheiro de equipe, mas podíamos dizer que ele era diferente, havia um talento ali”.
“Corri contra ele várias vezes. e só o vencemos uma vez, pudemos perceber que havia um talento incomum ali e o fato é que ele se desenvolveu ano após ano, ele realmente é um dos grandes do ciclismo”.
A respeito das suspeitas de doping que pairam sobre Pogacar e levantadas principalmente por jornalistas franceses, Guerreiro mostrou-se ponderado. “Como o ciclismo é um esporte tão cru e imprevisível, sempre temos essa ideia, aquela vozinha de suspeita”, admitiu, mas não deixou de considerar a capacidade e o talento do Campeão Mundial.
“Senti como se meu herói mentisse para mim”
A conversa também abordou o impacto de Lance Armstrong, um ídolo de infância para Guerreiro, que marcou gerações.
“Ele era mais que um ciclista, foi um vencedor na vida por causa de uma doença muito grave que tinha (câncer de testículo, ed.) e fez um trabalho com a mídia como ninguém. Ele era uma bandeira, era muito inteligente. A maneira como ele saiu foi horrível e deixou um buraco enorme no esporte”.
“Lance Armstrong era como um herói do cinema, uma referência por tudo o que conquistou no ciclismo e não só. Senti como se o meu herói tivesse mentido durante toda a vida”, desabafou, admitindo a grande decepção que sentiu ao descobrir o envolvimento de Armstrong com o doping.