Colle delle Finestre, conheça o monstro que decidirá o Giro d’Italia “tão alto que embaixo desanima, em cima o medo da altura se instala”
Na 19ª etapa do Giro d’Italia, nesta sexta-feira, Isaac Del Toro (UAE Emirates-XRG) e Richard Carapaz (EF Education) foram os protagonistas de uma tentativa corajosa, deixando os rivais para trás na parte final da corrida. Graças aos segundos de bônus conquistados, Del Toro conseguiu ampliar sua vantagem na classificação geral.
Agora, o mexicano lidera com 43 segundos de vantagem sobre Carapaz e 1 min e 21 seg sobre Simon Yates. Com esse cenário, tudo segue em aberto.
A decisão do Giro será reservada à última etapa de montanha, um encerramento que a organizadora RCS desejava: o Colle delle Finestre como palco de um desfecho dramático.
“Tão alto que embaixo desanima, encima o medo das alturas se instala”
O Colle delle Finestre é mais do que uma simples subida. Suas características intimidam até os mais experientes escaladores: são 18,4 km de extensão com uma inclinação média de 9,2%. Nos primeiros trechos, o gradiente chega a atingir os 14% e o cume está localizado a 2.178 metros de altitude.
Na tradição lírica do jornalismo esportivo italiano, Marco Pastonesi escreveu no jornal La Gazzetta dello Sport sobre o Finestre como um monumento natural e simbólico: “Tão alto que embaixo você desanima. Em cima, o medo das alturas se instala.”
O Alpe d’Huez possui 21 curvas fechadas, o Finestre 45
O Finestre costuma ser comparado a outras subidas lendárias do ciclismo, mas com um toque extra de brutalidade. “Uma subida que se compara às mais difíceis da Europa: a Zoncolan, a Mortirolo ou a Angliru”, destacou também La Gazzetta dello Sport.
Se o Alpe d’Huez possui 21 curvas fechadas, o Finestre oferece 45 do mesmo tipo, em zigue-zague transformando-se num desafio técnico e físico de outra magnitude.
“Hoje envelheci dez anos”, afirmou Paolo Savoldelli
Apesar de sua presença relativamente recente no Giro, estreando apenas há vinte anos, o Finestre já se consolidou como um símbolo da dureza e da imprevisibilidade da corrida. A introdução da montanha no percurso foi uma ideia do então diretor do Giro, Angelo Zomegnan, conhecido por sua inclinação ao espetáculo.
Logo na estreia, em 2005, o Finestre proporcionou uma batalha épica entre Paolo Savoldelli, Gilberto Simoni e Danilo Di Luca. Savoldelli, vestindo a camisa rosa, sobreviveu ao ataque dos rivais graças à sua habilidade na descida.
Ao final da etapa, esgotado, comentou: “Hoje envelheci dez anos.” O venezuelano José Rujano venceu naquele dia, carregando a fama (e o peso) de apenas 48 kg.
O solo histórico de Chris Froome 2018
Desde então, o Finestre tem aparecido em momentos decisivos do Giro: em 2011, 2015 e, de forma memorável, em 2018. Nesta última ocasião, Chris Froome venceu após um ataque solitário de 80 km, um dos movimentos mais arriscados e impressionantes da história recente da corrida.
Com o Colle delle Finestre novamente no roteiro, e a classificação geral ainda indefinida, a expectativa é de mais um capítulo memorável nas encostas desta montanha que já nasceu clássica.
