Conheça todos os bastidores da transferência de Rui Costa para a EF Education-EasyPost
No meio de outubro, João Correia, um dos fundadores da Corso Sports Management, anunciou ao jornal “O Jogo” que Rui Costa não iria mais continuar fazendo parte da equipe Intermarché-Circus-Wanty.
Contudo, na mesma entrevista, o agente que também representa ciclistas como João Almeida e António Morgado, confirmou que o ciclista de Póvoa do Varzim já havia assinado um contrato com uma equipe do World Tour, a EF Education-EasyPost.
Foi uma mudança que aparentemente pegou muitos fãs de surpresa, já que a maioria esperava uma renovação com a equipe Intermarché. No entanto, em entrevista ao canal britânico GCN, João Correia e Jonathan Vaughters explicam os detalhes por trás dessa transferência inesperada.
“O que temos é uma caderneta com pilotos específicos. Na última página da caderneta está uma lista de todos os atletas que temos na agência e nessa página mostra quando estão disponíveis, mas com o Rui, no início do ano, o plano era mantê-lo na Intermarché. Conversamos sobre a sua renovação já em abril”, disse Correia ao GCN, explicando também um pouco sobre o seu método de trabalho.
“Para ser sincero, só começamos a conversar com as equipes depois do Tour de France. Foi em agosto que começamos a falar com as equipes e a dizer-lhes que o Rui poderia estar no mercado”, acrescenta Correia.
Idade era um grande problema
“A idade dele era um grande problema. Ele tem 37 anos e as equipes não querem ciclistas tão velhos. É um verdadeiro desafio vender ciclistas dessa idade, portanto, os ciclistas têm que ser excepcionais para mudar de equipe nessa idade”.
Então, no dia 7 de outubro, após uma discussão entre Correia e Vaughters sobre outro ciclista, representado por Correia, Michael Valgren, chega um e-mail à caixa de entrada de Correia. Era Jonathan Vaughters. “O Rui ainda está disponível?”
“A EF sempre foi nossa principal prioridade. Na verdade, há três anos que falo com Jonathan Vaughters sobre o Rui. Desde cerca de 2021”, diz Correia. No entanto Vaughters ainda precisava trabalhar 24 horas por dia para garantir que o negócio fosse adequado para ele, sua equipe e, claro, para a potencial aquisição.
Neilson Powless foi decisivo para a efetivação do contrato
“Uma das primeiras coisas que fiz foi ligar para Neilson Powless para saber sua opinião. A resposta de Neilson foi basicamente ‘Eu odeio correr contra ele porque ele é muito experiente, mas cara, ele sabe o que está fazendo. Gosto dele, mas odeio correr contra ele’. Na verdade, foi uma reação muito positiva de Neilson”, revela Jonathan Vaughters.
Rui Costa possivelmente no Tour de Flandres 2024
Após a efetivação, Vaughters ligou para Andreas Klier, diretor esportivo, para sondar sobre uma possível presença de Rui Costa no Tour de Flandres.
“O Rui disse que era um sonho para ele um dia correr o Tour de Flandres. Assim, temos um pouco de luz nas Clássicas para o próximo ano. Ter um cara que poderia fazer Flandres acrescenta alguns cavalos de potência extras” acrescenta Vaughters.
Contrato assinado em tempo recorde
Os ciclistas mais velhos normalmente não se vê um declínio constante. O que você vê é que algo acontece, uma doença ou lesão, e eles perdem o ímpeto. E então, no ano seguinte, tudo acaba. Mas com o Rui não. Ele fez dois Grand Tours, venceu uma etapa num deles e fez uma temporada muito sólida com a saúde. Ele tem as bases para ter mais um ou dois bons anos. Então a partir daí decidimos tentar”.
Quando finalmente decidimos puxar o gatilho, faltavam dez dias para que a transferência fosse anunciada. O acordo foi feito no dia 10 de outubro, e o contrato assinado dois dias depois. Nunca tive um ciclista assinando tão rápido. É uma loucura que o acordo tenha dado certo”, finaliza o novo chefe de Rui Costa.
