Diretor da UAE Team Emirates fala sobre dominância e comentários negativos de rivais “com Tadej Pogacar no time todo mundo trabalha mais”
Com 81 vitórias na temporada de 2024, a UAE Team Emirates consolidou-se como a equipe de ciclismo mais bem-sucedida do ano. Embora quase um terço dessas conquistas seja atribuído a Tadej Pogacar, o melhor ciclista do mundo, outros 19 atletas da equipe também contribuíram significativamente com as 81 vitórias que a equipe conquistou na temporada passada.
O segredo por trás desse sucesso? O diretor esportivo venezuelano Tomas Aurelio Gil Martinez deu detalhes em entrevista ao site holandês WielerFlits.
“Não esperávamos 81 vitórias”
“Nunca esperávamos essas 81 vitórias, mas é claro que não surgiu do nada”, afirmou Gil. “Trabalhamos muito para tirar o melhor proveito de cada partida. Esse trabalho não acontece apenas durante a partida ou durante a temporada, mas principalmente fora dela, no período de entressafra. Um bom ambiente leva a bons resultados.”
O diretor destacou a importância do planejamento e da harmonia dentro da equipe, o que, segundo ele, tem um impacto direto nos resultados obtidos.
“Uma grande mentalidade vencedora”
Embora Pogacar tenha garantido um terço das vitórias da equipe, 20 ciclistas diferentes venceram corridas em 2024, como destacou Gil:
“Hirschi venceu 11 vezes e um total de 20 ciclistas venceram. Isso diz muito sobre nossa equipe. Contamos com todos, não somos o Team-Pogacar. Claro que ele é o melhor ciclista do mundo, mas abordamos cada corrida com a mesma mentalidade, e essa é uma grande mentalidade vencedora.”
“Se Pogi participa ou Hirschi ou Wellens: não importa, basicamente não há diferença. Noto também que temos um ambiente muito agradável dentro da equipa entre ciclistas e staff. Isso é um reflexo do bom trabalho que está sendo feito. Todos se sentem bem na equipe e isso se reflete nos resultados”, complementou o venezuelano ao Wielerflits.
“Com Pogi na equipe, todo mundo trabalha um pouco mais”
O diretor comparou a UAE Team Emirates a outras equipes lendárias do ciclismo, como HTC-Columbia e Soudal Quick-Step, que também cultivaram uma “cultura vencedora”. Ele explicou o impacto de ter um atleta excepcional como Pogacar:
“Você precisa de um grande campeão como Pogacar no topo dessa pirâmide, como aconteceu na época de Mark Cavendish ou Tom Boonen. Esse tipo de figura pode servir de inspiração para os outros jovens ciclistas”.
“Com Pogi na equipe, todo mundo trabalha um pouco mais. Eles fazem seu trabalho um pouco melhor. Essa é a razão por trás das vitórias.”
Além disso, Gil destacou o papel do diretor Joxean Fernández Matxin no recrutamento de jovens talentos: “Também temos pessoas importantes em nossa equipe, como Matxin com seu sublime scouting. Ele tem o olhar perfeito para descobrir jovens ciclistas em tempo hábil e transformá-los nos melhores ciclistas que são hoje. Não compramos Pogi por milhões, compramos?”, questiona Martinez.
“Onde quer que você vá, há comentários negativos”
Sobre a dominância da equipe em 2024, Gil reconheceu que isso gerou discussões entre as demais equipes, mas defendeu a abordagem da UAE Team Emirates: “O ciclismo é um mundo difícil, especialmente nesta nova geração. Ninguém ganha nada de graça, é preciso trabalhar muito para isso”.
“Claro que Pogacar é certamente muito forte, mas também ficamos surpresos com seu desempenho nesta temporada. Isso realmente não deve ser divertido para as outras equipes”.
“Mas se eles tivessem Pogi em seus times, poderiam abordar a questão da mesma maneira. Onde quer que você vá, há comentários negativos. Mas certamente não vamos mudar nossa abordagem.”
Você espera um desempenho tão bom em 2025?
“Há alguns anos a Jumbo-Visma era o time, agora somos nós. É como uma roda. Às vezes você está acima, às vezes abaixo”.
“Sabemos disso muito bem e é por isso que os comentários negativos sobre o nosso grande domínio não nos afeta. Você tem que aproveitar o momento. Mas será difícil fazer melhor no próximo ano. Esperamos pelo menos manter o mesmo.”