Diretor do WorldTour critica uso do capacete de contrarrelógio em corridas de estrada “pode ser desastroso”
A Visma-Lease a Bike chamou a atenção durante o reconhecimento do percurso do Omloop na sexta-feira. Alguns ciclistas da equipe, incluindo Wout van Aert, optaram por não utilizar capacetes convencionais, mas sim uma versão superaerodinâmica.
O modelo escolhido foi o Aerohead, fabricado pela Giro, um capacete projetado originalmente para provas de contrarrelógio. A decisão final sobre seu uso na competição, no entanto só seria tomada momentos antes da prova, conforme revelou Wout van Aert.
“Eles podem gerar um ganho de cerca de 10 a 15 watts”
O Vice-Campeão da Paris-Roubaix de 2013 e atualmente analista do Sporza, Sep Vanmarcke, comentou a escolha da equipe.
“A ciência entrou no ciclismo nos últimos anos. O uso desses capacetes tem sido estudado por muito tempo para determinar se podem trazer vantagens também em provas de estrada. Outras equipes também realizaram testes semelhantes.”
A principal razão para o uso desses capacetes está na aerodinâmica. Segundo Sep Vanmarcke, “isso pode gerar um ganho de cerca de 10 a 15 watts”.
“Para aqueles que não estão completamente familiarizados com isso: isso é bastante. Para atingir esse ganho físico, você tem que treinar duro. É claro que esse ganho em watts não fará você vencer a corrida, mas cada pedacinho ajuda hoje. Este é um deles”, complementa o belga.
“Em uma corrida de estrada, esse capacete pode ser desastroso”
A EF Education-EasyPost, equipe onde Ken Vanmarcke, irmão de Sep, é diretor esportivo, também testou o uso de capacetes de contrarrelógio em corridas de estrada. “Quando se usa um capacete convencional, inevitavelmente se perde X watts. Com um capacete de contrarrelógio, é possível minimizar essa perda”, explica Ken.
Apesar dos benefícios aerodinâmicos, o uso prolongado desses capacetes apresenta um grande desafio: a falta de ventilação adequada. “Esses capacetes não foram feitos para serem usados por horas seguidas”, alerta Ken Vanmarcke.
“Em um contrarrelógio de até uma hora, isso não é um problema. Mas em uma corrida de estrada, pode haver superaquecimento, o que pode ser desastroso.”
“Em breve, eles voltarão a aparecer em nossa equipe”
Atualmente, fabricantes estão buscando soluções para otimizar a ventilação desses capacetes, mas seu uso ainda não é confortável para todos os ciclistas. “Alguns se adaptam bem, outros não”, complementa Ken.
Os capacetes de contrarrelógio vão se tornar uma tendência no pelotão? Ken Vanmarcke acredita que sim. “Há uma grande possibilidade de vermos cada vez mais ciclistas aderindo a essa tecnologia. Em breve, eles voltarão a aparecer em nossa equipe.”
