Ex-técnico de Tadej Pogacar revela detalhes do início na Paris-Roubaix “Tadej não era só pequeno, era frágil demais”
Antes de se tornar um dos maiores ciclistas da atualidade, Tadej Pogacar já havia experimentado os famosos paralelepípedos de Paris-Roubaix. Ainda na categoria júnior, há cerca de uma década, o esloveno participou de duas edições da prova.
Embora não tenha vencido, suas atuações, dadas as circunstâncias, foram promissoras e reveladoras de um talento que ainda estava em formação.
“Tadej não era só pequeno, era frágil demais para isso”
Em 2015, Pogacar terminou a prova júnior em 30º lugar, a 2 minutos e 32 segundos do vencedor. No ano seguinte, melhor preparado e fisicamente mais desenvolvido, ele alcançou a 13ª posição, a apenas 33 segundos do campeão.
Todo mundo sabe que o peso é um fator importante no Paris-Roubaix. Mas quem pensa que Pogacar estava leve demais para a competição deveria rever sua estreia.
“Tadej não era só pequeno, mas também não tinha nenhum desenvolvimento físico”, lembrou o então técnico da seleção eslovena, Andrej Cimpric, ao Sporza. “Você nunca imaginaria que Tadej tinha 16 anos na época e estava competindo na categoria júnior. Ele era frágil demais para isso.”

Confira os resultados da Paris-Roubaix Junior de 2015

“Tadej nunca reclamava dos equipamentos inferiores”
Além da questão física, a preparação da equipe em 2015 foi precária. “Chegamos apenas um dia antes da corrida e mal conseguimos reconhecer três trechos de paralelepípedos. Também não tínhamos nenhuma bicicleta ou pneu especial conosco, então tivemos que nos virar um pouco.”
Apesar disso, Cimpric recorda que a mentalidade de Pogacar já era diferente: “Todo mundo fica sempre muito nervoso na primeira Paris-Roubaix. Nesse aspecto, Tadej era diferente”.
“Ele não demonstrava estresse, mas olhava para frente com positividade. Tadej também era alguém que nunca reclamava de nossos equipamentos inferiores nem procurava desculpas.”

“Melhor do que esperávamos”
Mesmo com tantas limitações, Pogacar surpreendeu na estreia. Ele completou a prova em 30º lugar, sem quedas ou furos. “Ficamos certamente positivamente surpresos. Alguém com o porte dele que não furou nem caiu e terminou uns bons 2 minutos atrás: isso foi melhor do que esperávamos.”
Em 2016, Pogacar voltou ao Paris-Roubaix mais forte. A preparação foi significativamente melhor. “Depois tivemos um acampamento de treinamento de 10 dias em Ypres. Fizemos duas corridas lá e no meio da semana fomos fazer um reconhecimento em Roubaix.”

“Quando você for profissional, ele estará fazendo hambúrgueres”
Ainda assim, ele não era visto como um futuro ciclista profissional. O técnico esloveno revela o relato de um técnico belga (não revelou o nome). “Quando alguém disse que ‘esse Pogacar é bom’, o técnico belga riu: ‘Quando você for profissional, ele estará fazendo hambúrgueres.'”
Durante a edição de 2016, Pogacar mostrou evolução e foi visto na frente do pelotão durante boa parte da corrida, disputando o top 10. Welsey Vercamst, que correu ao seu lado naquela prova, recorda:
“Depois do Mons-en-Pévèle, acabamos formando um grupo juntos. Ele não tinha os mesmos recursos que caras como Jasper Philipsen e Tom Pidcock. Como eu vi isso? A configuração da bicicleta, o equipamento… Ainda havia muito espaço para melhorias.”
Vercamst terminou em 14º, logo atrás de Pogacar, que cruzou a linha de chegada a 33 segundos do vencedor, Jarno Mobach. E tudo isso usando um equipamento longe do ideal.
Hoje, Vercamst está aposentado e dirige uma agência de marketing digital. Já Pogacar…, tornou-se o melhor ciclista do mundo.