Francesco Moser compara Tadej Pogacar e Eddy Merckx “Pogacar chega como se estivesse treinando, Merckx chegava exausto”, assista o vídeo
Francesco Moser, lenda do ciclismo mundial é conhecido por suas conquistas no Giro d’Italia, onde venceu 22 etapas, além de títulos no Campeonato Mundial e três Paris-Roubaix.
Em entrevista ao jornal Il Mattino, o ex-ciclista italiano analisou a trajetória de Tadej Pogacar e traçou um paralelo entre o esloveno e Eddy Merckx, o “Canibal” belga, com quem Moser competiu no início de sua carreira. Moser não hesitou em elogiar Pogacar, afirmando que ele pode superar até mesmo Merckx em alguns aspectos.
“Tadej Pogacar vence com mais facilidade que Eddy Merckx”
Moser destacou a força de Merckx em suas competições e o papel essencial que sua equipe desempenhava para garantir o sucesso nas provas, algo que ele observa também em Pogacar.
Contudo, ele acredita que Pogacar demonstra uma naturalidade impressionante ao vencer suas provas. “Eu competi com Merckx, e ele era forte. Ele tinha uma equipe muito forte para preparar os ataques, assim como Pogacar tem, mas, para mim, Pogacar vence com mais facilidade do que Merckx”.
“Pogacar chega como se estivesse treinando, Merckx chegava exausto”
“Você o vê (Tadej Pogacar) chegando como se estivesse apenas treinando, enquanto Merckx chegava exausto,” afirmou Moser, ressaltando a diferença no estilo de vitória entre os dois ciclistas.
Apesar das observações sobre o desempenho de Pogacar, Francesco Moser reconhece que as comparações entre épocas são complexas e, muitas vezes, inconclusivas.
“É difícil fazer essas comparações. É difícil dizer porque nunca teremos uma prova definitiva. Então, vamos olhar para o que temos hoje; costumávamos olhar para o que fazíamos, mas comparações à distância são impossíveis,” afirmou Moser.
Dávamos os pneus usados aos domestiques e nós usávamos os novos
Para Moser, o ciclismo evoluiu substancialmente desde os seus tempos. Ele comentou como o esporte se tornou mais profissional. A lenda italiana relatou como as condições eram bem mais modestas em sua época.
“Hoje eles correm desta maneira e é mais complicado se impor. Até os rivais de Pogacar têm o mesmo que ele; hoje as equipes do WorldTour gastam milhões de euros e não podem se dar ao luxo de perder uma corrida”.
“Quando competíamos, dávamos os pneus usados aos domestiques e nós, os capitães, usávamos os novos, porque precisávamos economizar dinheiro. Agora, por outro lado, todos têm o melhor do melhor,” observou Moser, destacando as mudanças tecnológicas e o acesso igualitário a equipamentos de ponta.
“Devemos apreciar o presente, as comparações não têm resposta”
Assim, com as mudanças no esporte e o avanço na profissionalização tornam impossível uma comparação definitiva. E o ex recordista da hora, em 1984, com 51km 151m, resume em suas palavras, a incapacidade de comparação entre duas épocas diferentes: “devemos apreciar o presente, pois as comparações são um exercício sem resposta”, finalizou Moser.