Giuseppe Saronni afirma: “Pogacar é o Merckx de hoje, ele pode vencer o Giro e o Tour”

Giuseppe Saronni, 66 anos, 193 vitórias na carreira, dois Giro d’Italia, Campeão Mundial em Godwood (1982), e muito mais, mas agora, simplesmente, por assim dizer, aquele que descobriu Tadej Pogacar, tornando-o profissional, na UAE Team Emirates em 2019.

O italiano não esconde sua admiração pelo esloveno, em uma entrevista ao site tuttobiciweb, onde ele aborda a decisão de Pogacar, de tentar vencer o Giro d’Italia e o Tour de France em 2024.

Como foi a contratação de Tadej Pogacar pela UAE Team Emirates?

“Fabrizio Bontempi, diretor esportivo dos meus Emirados Árabes Unidos que sempre acompanhou o ciclismo esloveno, Haumptman, técnico da Eslovênia, nos relatou esse talento, fui vê-lo na última etapa do Giro del Friuli sub 23 em 2018 e vi um extraterrestre”. Pronto para partir, ele ultrapassou todos com uma facilidade impressionante, mas dali até pensar que poderia vencer imediatamente dois Tours não imaginávamos.

Surpresa pela escolha de Tadej Pogacar?

Ele inicia respondendo, se está surpreso pela decisão de Tadej Pogacar, tentar vencer os dois Grand Tours, sem ter tido sucesso nas edições de 2022 e 2023, do Tour de France.

“Não, ele é um campeão, para ele tudo é possível. O que é certo é que nos últimos anos, poucos tentaram. A combinação agora é mais Tour-Vuelta, mas não é a mesma coisa. A Vuelta não é o Giro, surge como a última grande etapa da temporada, lá vencem bons pilotos, claro, mas o Giro, pelos percursos, tradição e pressão e outras coisas, é o Giro”.

Ele tenta na hora certa?

“Sim, por duas razões. Acredito que o Giro, é uma corrida muito mais adequada para ele, do que o Tour: a primavera é um período em que ele consegue encontrar ótimas condições e expressar o melhor de si”.

“Os organizadores, com o realizador Mauro Vegni na liderança, desenharam para ele um percurso perfeito: imediatamente Oropa, dois Contrarrelógios longos e uma semana seguinte não muito dura. Nos últimos anos, a dureza dos percursos, tem muitas vezes desencorajado corredores fortes, de enfrentar o interior da Itália.”

Pogacar perdeu as duas últimas edições do Tour para Vingegaard: não corre o risco de perder novamente depois dos esforços do Giro?

“Claro, mas não considere uma variante: Tadej é um campeão e pensa como um campeão. Ele sabe que assim se tornaria uma lenda com Coppi, Merckx e os outros 5. Também sabe que, ao chegar ao Tour com a camisa rosa, pedalaria com mais serenidade, revertendo um pouco da pressão sobre seu rival dinamarquês, que também é muito forte, porque só se prepara para aquele Grand Tour por ano”, finaliza Saronni.