Gregário de Mads Pedersen revela bastidores da função “fiz 2h 30min com 340 watts, 5,2 W/KG para ficarmos na liderança”
Jacopo Mosca, ciclista da equipe Lidl-Trek, é uma das peças-chave no suporte ao Maglia Rosa e sprinter Mads Pedersen. Em entrevista ao canal italiano Bici.Pro, o italiano compartilhou os bastidores do trabalho exaustivo de um gregário, em uma das equipes mais fortes do WorldTour, destacando o esforço físico, as decisões táticas e a confiança mútua que une o grupo.
“Sempre começamos com nosso plano”
Segundo Mosca, o trabalho de um gregário começa muito antes dos quilômetros finais de uma etapa. Desde o início, já há uma ideia clara do papel que cada ciclista terá.
“Sempre começamos com nosso plano, com nossas táticas e, se tudo correr bem, sei exatamente o que tenho que fazer. Às vezes pode ser um pouco mais, um pouco menos, mas também depende da situação da corrida ou do dia”, revelou Jacopo Mosca.
“Nas duas primeiras etapas, na primeira eu tinha que chegar depois do quilômetro da Red Bull, digamos na entrada de Tirana, e foi isso que eu fiz. Quando você tem uma equipe tão forte, você sabe que precisa fazer a sua parte e depois outra pessoa assume o seu lugar”, explicou o italiano.

“Se for muito rápido, a fuga acaba mais rápido”
O controle do ritmo é essencial para manter a fuga sob controle ou preparar o terreno para o sprinter. “Somos sempre bem direcionados pelos carros de apoio, mas também confiamos no nosso sentimento e no que a fuga faz”.
“Se a fuga estiver a 40 km/h, você terá que ir a 40 km/h para manter a diferença ou 42-45 para diminuir a diferença. Se a fuga for rápida, você também terá que ir rápido. Mas se for muito rápido, acaba mais rápido ainda”, explicou Mosca.

“Fiz 2h 30min com 340 watts, cerca de 5,2 W/KG”
Ele também destacou a importância do sacrifício em favor dos companheiros: “Estou disposto a ultrapassar meus limites se isso significar poupar as pernas de um companheiro de equipe para o final”.
“Com 50 ou 60 km para a chegada, mais equipes se juntarão à liderança, e isso obriga você a se esforçar ainda mais para manter o controle, mesmo que esteja tentando economizar energia”, disse.
E para ilustrar a exigência física envolvida, revelou um dado impressionante:
“Por exemplo, para assumir a liderança do pelotão, fiz 2h 30min com 340 watts normalizados, uma média de 305, ou cerca de 5,2 W/KG”, afirmou. “Não é impossível, mas são números sólidos, ainda mais em um período tão longo e em um percurso que não foi fácil”, completou.

“Mads Pedersen nos diz se quer ir mais rápido ou mais devagar”
Além do preparo físico e da tática, Mosca encontra motivação na confiança que tem em Pedersen. Saber que o líder costuma corresponder ao esforço da equipe é um fator motivacional poderoso.
“Ele nos diz se quer ir mais rápido ou mais devagar, dependendo de como se sente”, disse Mosca sobre o dinamarquês. “E é aí que entra o nível desta equipe, com ciclistas que ficaram entre os 10 primeiros em Grand Tours se juntando a nós”, destacou, citando nomes como Verona, Konrad e Ciccone.

“Mads pode estar entre os 30 melhores em uma subida”
Jacopo revelou o atual nível de forma do capitão da Lidl-Trek: “Mads está em tal forma que pode estar entre os 30 melhores do pelotão em uma subida”, afirmou.
Por fim, o italiano descreveu o momento de glória que justifica o trabalho de um domestique: “Outro dia, eu estava com um grupo a 8 km da linha de chegada e ouvi no rádio que tínhamos vencido. É uma sensação maravilhosa quando seu líder é tão determinado e seu trabalho significa algo”, concluiu.