João Almeida concede entrevista antes do Tour de France: “No Tour, o objetivo é ajudar Tadej Pogacar a vencer”
No momento em que vive sua temporada mais vitoriosa no WorldTour, com triunfos na Volta ao País Basco, Tour de Romandie e Tour de Suisse, João Almeida se prepara para a principal competição do calendário do ciclismo profissional, o Tour de France 2025.
Em entrevista ao jornal A Bola, o ciclista da UAE Emirates-XRG, falou sobre seus objetivos, a convivência com Tadej Pogacar, suas expectativas para a competição que inicia no próximo dia 5 em Lille e revelou também suas ambições para o restante da temporada, especialmente a Vuelta a España.
“No Tour terei como objetivo ajudar o Tadej”
João Almeida reconhece que, apesar da fase vencedora, sua missão no Tour será trabalhar para o líder da equipe:
“Pois, não sei… Boa pergunta. Para já, no Tour terei como objetivo ajudar o Tadej [Pogacar] a vencer. Então, não levo nenhum objetivo de resultado em mente ou será sempre secundário”, explicou.
“Depois, na Vuelta, em princípio também vou fazê-la com o Tadej, mas será uma corrida, se calhar, um pouquinho mais aberta. Então, diria que… um pódio seria um grande resultado”, complementou João Almeida destacando seu possível papel no Grand Tour espanhol, de 23 de agosto a 14 de setembro.
“O objetivo é ele, é ajudá-lo a vencer outra vez o Tour”
Na edição de 2024 do Tour de France, Almeida terminou em 4º lugar. Questionado sobre as condições necessárias para sonhar com um pódio, ele reforça que seu papel principal será proteger Pogacar nas etapas decisivas:
“Sim, exato. Estarei mais ao seu trabalho (de Pogacar) nas montanhas, onde irá necessitar de mim, onde poderei ser-lhe mais útil, e claro, depende das situações de corrida em que terei de protegê-lo e trabalhar para ele”.
“Por isso, é que creio que não faz sentido levar nenhum resultado em mente. O objetivo é ele, é ajudá-lo a vencer outra vez o Tour.”
“Não sinto que esteja num pico de forma… super ou imbatível”
Apesar da sequência de vitórias, Almeida afirma que não se sente em um estado excepcional de forma:
“Para ser sincero, sinto-me normal. Não sinto que esteja num pico de forma… super ou imbatível. Sinto-me bem, como me tenho sentido desde o início da temporada, com boas pernas. Todos temos dias menos bons, mas sinto-me bastante bem.”
João esclareceu o que ele queria dizer com o “pico de forma imbatível”. “São as alturas em que nos sentimos super, quando tudo o que vier, a gente aguenta”.
“Há dias assim, mas agora sinto-me normal, bem, e esperemos que ainda com bastante margem de progressão. Continuo a evoluir todos os anos. Ou tenho essa pretensão… Há sempre o que evoluir.”
“Os adversários acabam sempre por explodir, alcanço-os e tento ultrapassá-los”
Questionado sobre a percepção de que demora a reagir em momentos críticos das corridas, Almeida explica que essa é muitas vezes uma escolha tática:
“Depende um bocadinho da situação de corrida. Há corridas em que o ritmo vai claramente elevadíssimo, que é complicado estar à frente e responder de pronto”.
“Então, analiso a situação, meto o passo com que acho que consigo apanhá-los. E normalmente o que acontece é que os adversários acabam sempre por explodir e ficar sem pernas antes da meta. Alcanço-os e tento ultrapassá-los.”
“Mas depende um bocadinho da situação de corrida, da subida, do momento da etapa. Tentamos sempre fazer as coisas da forma mais eficiente, e melhor. Também depende, obviamente, das pernas que temos, não é?”
“Pogacar é uma pessoa bastante normal, bastante simpática e disponível”
Sobre sua relação com Tadej Pogacar, Almeida destacou a naturalidade e a disposição de ambos em ajudar os mais jovens da equipe:
“Sim, é até bastante frequente. Conversamos com os colegas de equipa, o normal. Pessoalmente, também tento sempre ajudar os mais novos, ele (Pogacar) também. Mas, no geral, não há nada de especial. Ele é uma pessoa bastante normal, bastante simpática e disponível.”
Mesmo em grande fase, João Almeida mantém os pés no chão e a clareza sobre seu papel no Tour de France: ser o braço-direito de um dos maiores nomes da atualidade. A ambição pessoal, por ora, está guardada para oportunidades mais abertas – como a Vuelta a España.
