João Almeida fala sobre polêmica com Juan Ayuso “não temos nada um contra o outro, todos cometemos erros”
O português João Almeida (UAE Team Emirates) revelou seus objetivos para a temporada World Tour que se aproxima, com o foco em grandes objetivos.
Ele planeja começar a temporada com força na Volta a La Comunitat Valenciana (05.02), seguindo logo após para Portugal, onde disputará a Figueira Champions Classic (16.02) e a Volta ao Algarve (19.02), antes de se concentrar no Tour de France (05.07) – onde conquistou o 4.º lugar em 2024 – e na Vuelta a España (23.08), onde lamentavelmente teve de se retirar devido à Covid-19, na edição passada.
Largada da Vuelta a España em Lisboa
Em entrevista aos colegas portugueses do canal Topcycling, o ciclista de Caldas da Rainha compartilhou suas reflexões sobre 2024 e demonstrou grande entusiasmo com a temporada que se aproxima. Um dos momentos mais marcantes para os ciclistas portugueses do pelotão WorldTour foi a largada da Vuelta a España 2024 em Lisboa.
“Incríveis e caóticos. Muitos fãs a apoiarem. Sempre que passava em cidades grandes ou aldeias pequenas tinha gente a chamar pelo meu nome e pelos outros portugueses. É um bom reconhecimento e dá outra motivação, sem dúvida.”
“Não comecei o Tour com as minhas melhores pernas”
João Almeida comentou sobre sua forma durante o Tour de France 2024, destacando dificuldades na preparação e uma evolução ao longo da prova. “Na Suíça tive o meu pico de forma. Na Volta à Suíça apanhei um resfriado, não só eu como outros atletas, e na semana seguinte não pude treinar muito para recuperar a 100% para o Tour”.
“Tive ali uma semana que treinei muito pouco e notei essa falta de treino depois no Tour. Não comecei o Tour com as minhas melhores pernas, mas sinceramente fui de menos a mais no Tour e a última semana foi a semana que me senti melhor.”
“A primeira semana do Tour foi a que me senti pior, os primeiros dias foram muito maus. Tive lá um dia que me senti muito bem que foi o do Galibier, mas sem ser esse dia foi a semana mais difícil para mim, mas depois da primeira semana senti-me melhor e acho que terminei bastante bem”, afirmou João Almeida.
“O Tour é o Tour”
Para Almeida, o Tour de France possui um nível de exigência único. “O Tour é o Tour. É totalmente diferente. Já fiz 4 Giros d’Italia, 3 Vueltas a Españaa, mas de fato o Tour é outra corrida, não só pelo mediatismo. É uma corrida de verão, o ritmo é outro, todos estão no pico de forma”.
“Há sempre qualquer tipo de interesse em qualquer etapa, nem que seja um meta volante há sempre uma equipe que vai tirar por aquele meta volante e é uma corrida que a 80 quilômetros da meta já estamos a fazer trens para estarmos bem posicionados.”
“Mostrei o que valho e o tipo de pessoa que sou”
Ele ainda destacou o ambiente competitivo e os desafios diários na corrida. “Se eu tiver de vir buscar água, só se disser ‘serviço’ porque tenho bidons para entregar aos meus colegas, senão acho que ninguém passa para a frente. É uma luta pela colocação incrível.”
Estar ao lado de Tadej Pogacar na reconquista do Tour de France foi outro ponto significativo para Almeida. “Fazer parte da equipe do Campeão, o nível de respeito é sempre superior, o que facilita as coisas às vezes.” Além disso, o português subiu ao pódio em Nice como “melhor domestique” da corrida e destacou o impacto dessa conquista. “Mostrei o que valho e o tipo de pessoa que sou, que acho que é importante.”
Polêmicas com Juan Ayuso “não temos nada um contra o outro”
João Almeida também abordou o incidente com Juan Ayuso no Col du Galibier, minimizando qualquer desentendimento.
“Para acabar um bocadinho com a polêmica, sempre estivemos bem. Nós damo-nos bem, não temos nada um contra o outro. Às vezes há situações de corrida que não correm a 100% como desejamos, mas depois é uma coisa que é falada , é discutido, acabou ali e pronto. Todos cometemos erros, tanto de um lado como do outro, acontece.
“Às vezes as pessoas têm que engolir seu próprio ego”
Sobre a complexidade de gerenciar uma equipe com tantos talentos e ambições, Almeida elogiou o trabalho do diretor Joxean “Matxin”.
“Esse trabalho é para os diretores desportivos e para o Matxin, que é o diretor geral, mas certamente que não é fácil de gerir tudo isso, arranjar oportunidades para todos os corredores, toda a gente estar minimamente satisfeita”.
“Numa equipe como a nossa que tem bastante talentos e tem gerido bem as coisas. Às vezes as pessoas têm que engolir seu próprio ego em certas situações, mas depois cabe a cada um tomar as decisões que consideram mais corretas.