Johan Bruyneel critica Contrarrelógios nos Grand Tours “os melhores ciclistas do GC também são os melhores Contrarrelogistas”
A redução nas distâncias das etapas de contrarrelógio nos Grand Tours é uma tendência que reflete uma mudança significativa no ciclismo moderno, em comparação com as décadas passadas.
Johan Bruyneel e Spencer Martin discutiram essa mudança no podcast “The Move”, com o ex-ciclista belga, que vivenciou o design clássico dessas etapas, tanto como ciclista quanto como diretor esportivo, deixando claro que, para ele, essa modificação não seria necessária nos dias de hoje.
“Participei de um Contrarrelógio Individual de 70km”
“Agora, o total de quilometragem das etapas de Contrarrelógio nos três Grand Tours juntos é equivalente ao que, nos anos 80 e 90, era a distância de Contrarrelógio de um único Tour”, comentou Bruyneel ao The Move.
“Participei do meu primeiro Tour em 1990 e lembro que tivemos um Contrarrelógio por equipes de mais de 30 km, seguido de um Contrarrelógio individual de mais de 70 km e outro de mais de 60 km. No total, eram 150 km de contrarrelógio. Era uma tendência”.
Nas décadas de 80 e 90, os Grand Tours eram caracterizados por longos Contrarrelógio, que muitas vezes definiam vitórias em Classificações Gerais. Era comum ver ciclistas especialistas nessa disciplina, como Miguel Indurain conquistar uma vantagem significativa, dificultando a reação de seus adversários.
Mudanças nos Anos 2010
A partir dos anos 2010, essa abordagem começou a mudar. Os organizadores das grandes voltas passaram a desenhar percursos com contrarrelógios menores, visando aumentar a competitividade e reduzir as diferenças entre os favoritos.
O objetivo era claro: criar corridas mais equilibradas e com menores diferenças entre os competidores. A ideia de “corridas apertadas” começou a ganhar espaço, com a esperança de manter a disputa pelo título mais acirrada até as últimas etapas.
“Os melhores ciclistas do GC também são os melhores Contrarrelogistas”
Nos dias de hoje, no entanto, o cenário mudou novamente. Muitos dos melhores escaladores também se destacam como alguns dos melhores Contrarrelogistas do Mundo, tornando a redução de quilômetros de Contrarrelógio menos impactante no resultado geral.
Um exemplo disso cabe a Primoz Roglic, que venceu a Vuelta a España em 2021, mesmo ano que venceu o Contrarrelógio nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
“Menos quilômetros de Contrarrelógio não muda muita coisa”, argumenta Bruyneel. “Os melhores ciclistas de Classificação Geral também são os melhores contrarrelogistas, e entre eles as diferenças não são tão grandes”.
Ele destacou, como exemplo, a pequena diferença de tempo entre Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar no primeiro Contrarrelógio plano do Tour de France mais recente: “Vimos uma diferença de apenas 15 segundos entre Jonas e Tadej”.