Jovem prodígio da UAE dá detalhes sobre mudança para o WorldTour “aqui é fácil sofrer no seu limite e o resto dos caras não está lutando”
Dar o passo para o UCI WorldTour pode ser uma perspectiva assustadora para qualquer ciclista, especialmente para um jovem de 19 anos, ingressando na equipe classificada como a número um do mundo.
No entanto, para Pablo Torres, essa transição foi encarada com naturalidade, ao iniciar sua jornada profissional em 2025, conforme ele descreveu ao site da UAE Team Emirates-XRG.
Promoção para o WorldTour
Depois de uma temporada promissora em competições como o Valle d’Aosta, o Tour de l’Avenir e o Giro Next Gen, Torres foi promovido do programa de desenvolvimento da UAE Team Emirates-XRG, a UAE Gen Z, para a equipe principal do WorldTour.
“Definitivamente tornou as coisas mais fáceis porque eu já conhecia muitos dos ciclistas e da equipe do time WorldTour”, afirmou Pablo Torres ao site oficial da equipe.
“Já parece meu lar porque, desde o início da temporada, todos os meus companheiros de equipe se esforçaram para me ajudar e me fazer sentir parte do grupo.”

Convívio com Jhonatan Narvaéz, “ele me ensinou a estar preparado”
A adaptação foi facilitada pelo convívio com Jhonatan Narváez, que será gregário de Tadej Pogacar no próximo Tour de France. O campeão do Santos Tour Down Under 2025, dividiu o quarto com Torres durante a competição na Austrália.
“Ele é um cara muito bom e muito profissional. Ele me ensinou muitas coisas que posso usar para melhorar”, destacou Torres. “Antes de irmos para a corrida, ele organizava suas coisas para que, quando chegasse, nem precisasse pensar nisso”.
“Antes, eu me perguntava sobre o que levar e o que precisaria na largada da etapa, o que causava algumas dores de cabeça, mas com Jhony, ele me ensinou a estar preparado.”

“Aqui é fácil sofrer no seu limite e o resto dos caras não está lutando”
No Tour Down Under, Torres demonstrou grande potencial, ajudando Narváez na conquista do título. “Foi muito legal, mas é muito diferente. Aqui todos os caras são muito, muito fortes e no grupo é fácil sofrer no seu limite, enquanto você olha ao redor e o resto dos caras aparentemente não está lutando”, revelou.
A experiência serviu para destacar áreas em que ele ainda pode evoluir. “Acho que preciso aprender muito, porque sei que nesta corrida, por exemplo, sofri muito no plano porque o ritmo estava muito alto e os outros ciclistas tendem a ter mais potência, do que um cara pequeno como eu (1m74cm). Tenho que me acostumar com esse ritmo, mas me senti forte nas subidas.”

Treinos indoor durante os bloqueios da Covid-19
Torres tem uma história peculiar com o ciclismo, que começou como uma forma de lidar com dores nos joelhos. “Sete anos atrás, quando eu tinha 13 anos, comecei a andar de bicicleta porque, no futebol, eu tinha alguns problemas com meus joelhos”.
“Quando eu era jovem e talvez meio metro mais baixo do que sou agora, eu carregava um pouco mais de peso, e o futebol causava muito estresse nas minhas articulações”, revelou.
A transição para o ciclismo competitivo não foi fácil. Inicialmente, Torres não conseguia se destacar nas corridas locais. Foi apenas durante os bloqueios da COVID-19 que ele viu uma grande evolução, treinando indoor.
“Não havia mais nada para fazer, então pedalei por uma hora e meia, ou até mesmo por duas horas em alguns dias, e realmente gostei. A cada ano, depois de começar o treinamento indoor, eu melhorava um pouco e, no ano passado, consegui melhorar muito. Eu não esperava melhorar tanto.”

“Não farei nenhum Grand Tour este ano”
Os resultados de Torres em 2024 chamaram a atenção da UAE Team Emirates, que o contratou para a equipe principal. Ele conquistou o segundo lugar na classificação geral do Giro Next Gen, venceu a etapa rainha do Valle d’Aosta e triunfou em duas etapas do Tour de l’Avenir, garantindo também a 2ª colocação geral na competição.
Agora, ao lado de nomes como Tadej Pogacar, João Almeida e Adam Yates, Torres sabe que precisa continuar evoluindo.
“Não farei nenhum Grand Tour este ano, mas irei ao Tour de l’Avenir, e este será meu principal objetivo da temporada”, revelou. “A cada ano, o nível fica mais alto e será difícil, mas sei que posso melhorar e, a cada corrida que iniciar nesta temporada, aprenderei novas lições.”
Com apenas 19 anos, Pablo Torres tem um longo caminho pela frente, mas sua dedicação e talento já indicam um futuro promissor no ciclismo profissional.
