Lance Armstrong lança a polêmica em entrevista “meus rivais também trapacearam, eu achava que o Tour era minha corrida”
Lance Armstrong teve seus 7 títulos do Tour de France retirados após confessar o uso de substâncias proibidas durante sua carreira. No entanto, o ex-ciclista faz questão de ressaltar que não foi o único no pelotão a recorrer ao doping.
Em conversa com o site espanhol Jot Down Sport, o americano relembrou o período em que era considerado o melhor ciclista do mundo e rebateu algumas das acusações feitas contra ele.
“Meus rivais também trapacearam”
Muitas histórias sugerem que Armstrong teria pressionado seus companheiros de equipe a usarem substâncias proibidas e ameaçado adversários. No entanto, ele rebate essas insinuações e destaca que outros ciclistas também recorriam ao doping.
“Meus rivais também trapacearam, e isso destruiu completamente alguns competidores. Perdi cinco ou seis competidores da minha geração por causa de substâncias proibidas e maus hábitos”.
Armstrong fala sobre o impacto pessoal do escândalo em sua vida. Durante esse período sombrio, o americano enfrentou o vício em álcool, entre outros desafios.
Hoje, aos 53 anos, ele se orgulha de ter superado essa fase. “Passei por momentos muito difíceis e, durante esse período, eu definitivamente poderia ter desistido. Mas decidi continuar lutando. Estou extremamente orgulhoso de ter conseguido fazer isso”.
“Pensei na minha mãe e isso acabou me salvando”
Armstrong credita grande parte de sua determinação à sua mãe, que sempre foi uma fonte de inspiração para ele.
“Nasci quando minha mãe tinha apenas 17 anos, e ela nunca desistiu durante esse tempo. Graças ao exemplo que minha mãe me deu naquela época, nunca desisti. Durante o período sombrio, muitas vezes pensei nela, e isso acabou me salvando”.
Sucesso do Podcast “The Move”
Além da força da mãe, a forma como ele reconstruiu sua vida também foi determinante para sua recuperação. Um exemplo disso é o sucesso do podcast The Move, que ele fundou e atualmente conta com a participação de seu ex-diretor esportivo Johan Bruyneel, seu ex-gregário George Hincapie e o jornalista especializado Spencer Martin.
“No começo, eu não tinha ideia de como iniciar um podcast. Nem era minha intenção falar sobre ciclismo, mas percebi que muitos ouvintes gostaram da minha opinião sobre o esporte, o que acabou me dando motivação extra para continuar”.
As críticas ao Tour de France
Apesar de seu histórico polêmico, Armstrong continua sendo uma voz relevante no ciclismo e não hesita em expressar suas opiniões sobre o futuro do Tour de France. Segundo ele, a competição precisa se modernizar.
“Uma família é dona do evento mais importante e não vai deixar isso passar. O organizador não quer abrir mão de sua obra-prima e, na minha opinião, isso é um obstáculo para o esporte. Se eu pedisse aos meus filhos para assistirem a uma etapa do Tour de France, todos diriam não”.
Armstrong critica a falta de inovação na modalidade: “O ciclismo é simplesmente um esporte antigo, e isso não mudou muito nos últimos anos. Quando olho dessa forma, não acho que muita coisa mudará no esporte nos próximos anos”.
“Eu achava que o Tour de France era minha corrida”
Ele agora vê o Tour como uma tradição pertencente ao povo francês e admite que sua atitude na época foi um tanto excessiva.
“Quando eu estava competindo, eu achava que o Tour de France era minha corrida. Eu estava convencido de que o Tour pertencia a mim. E não é assim. É deles. E isso foi um erro”.
Embora ele acredite que, se não tivesse sido tão arrogante, não teria competido tão bem: “Se eu tivesse tido a atitude de ‘rapaz, obrigado por me deixarem competir na corrida de vocês’, eu teria sido o mesmo competidor? Talvez não.”
Ele até brinca sobre escrever um artigo nos principais jornais franceses, Le Monde e Le Figaro: “Vou dizer a eles: ‘Gente, eu errei, pensei que isso era meu, mas acontece que é de vocês.’ Eu entendo que vocês iriam rir de mim e me expulsar do país, mas é a verdade, foi um grande erro.”
