Lenda do ciclismo questiona adversários de Tadej Pogacar “Comigo ou Eddy Merckx ele nunca teria percorrido 90 km sozinho”
Roger De Vlaeminck, um dos maiores ciclistas de todos os tempos, com vitórias nos 5 Monumentos do ciclismo e nada menos que 162 vitórias na carreira, é conhecido tanto por seu talento, quanto por suas opiniões francas.
Em entrevista ao jornal belga Het Nieuwsblad, nesta sexta-feira, De Vlaeminck compartilhou suas impressões sobre a geração atual de ciclistas, destacando nomes como Remco Evenepoel e Tadej Pogacar.
Apesar de reconhecer a grandeza desses atletas, ele questiona a competitividade e os adversários enfrentados atualmente.
De Vlaeminck e Remco Evenepoel com curiosa semelhança
Quando questionado sobre o desempenho de Remco Evenepoel no verão, incluindo o terceiro lugar no Tour de France e as duas medalhas de ouro olímpicas, De Vlaeminck reconheceu sua habilidade, mas não deixou de comentar sobre o estilo do jovem ciclista:
“Ainda não sou o maior fã do estilo dele. Não quero que você levante sua bicicleta no ar na linha de chegada. Mas é claro que ele é um ciclista muito bom. Acho que ele tem o caráter certo para ser ciclista. Quando ele pilota bem, você pode ver em seu rosto que ele está gostando do que está fazendo.”
Além disso, De Vlaeminck revelou uma curiosa semelhança entre ele e Evenepoel, ambos com passagens pelo futebol antes de se dedicarem ao ciclismo:
“Nós dois jogamos futebol, antes de nos tornarmos ciclistas. Eu tinha 16 anos e, após um episódio frustrante no Eeklo (equipe de futebol na Bélgica), decidi abandonar o futebol e começar a correr de bicicleta. Felizmente, caso contrário, eu não teria ganhado nenhum franco na vida com meu esporte.”
“Comigo, Merckx ou Maertens, Pogacar nunca teria percorrido 90 km sozinho”
De Vlaeminck também analisou o domínio de Tadej Pogacar, reconhecendo suas conquistas, mas questionando a falta de competição equivalente:
“Eddy Merckx diz que Pogacar é melhor que ele, mas não concordo nada com isso. Ele é certamente o melhor ciclista do mundo neste momento, mas é difícil para mim desfrutar, porque ele é muito melhor que os outros.”
Ele destacou, como exemplo, a vitória de Pogacar na Strade Bianche, onde atacou e pedalou sozinho por quase 90 quilômetros.
“Na Strade Bianche, quem está por trás disso? Comigo, Merckx ou Maertens (Freddy Maertens, 148 vitórias na carreira), Pogacar nunca teria percorrido 90 quilômetros sozinho na liderança. A fuga nasceu muito cedo, hein.”
“Onde estão os italianos? Contra os quais tivemos que competir?”
Uma das preocupações levantadas por De Vlaeminck foi a falta de adversários à altura de Pogacar. Segundo ele, a oposição parece aceitar facilmente a supremacia do esloveno:
“Eu me pergunto: quem é a oposição? Evenepoel e Jonas Vingegaard, mas ele só participa do Tour de France. Vamos lá, pessoal…”
Além disso, ele lamenta a ausência de italianos competitivos, lembrando os grandes nomes contra os quais competiu em sua época:
“Onde estão os italianos? Os Mosers, Gimondis e Bitossis contra os quais tivemos que competir? Você consegue citar um bom piloto italiano no momento?”