Lenda do ciclismo questiona ataque de Mathieu van der Poel “ele viu o companheiro como uma possível ameaça”
O lendário ciclista Sean Kelly, vencedor de quatro Monumentos, incluindo duas edições da Paris-Roubaix, analisou a impressionante vitória de Mathieu Van der Poel na clássica disputada no último domingo.
O irlandês não apenas destacou o domínio do campeão mundial nas difíceis condições da prova, mas também demonstrou surpresa com o desempenho de Tadej Pogacar em sua estreia no Inferno do Norte.
“Eu não esperava que Pogacar fosse tão bem”
Kelly não poupou elogios ao campeão mundial. “No geral, fiquei muito impressionado com seu desempenho”, afirmou o ex-ciclista ao Cyclingnews.
“O modo como a corrida ocorreu foi bom para ele porque foi muito difícil e exigiu aceleração máxima desde muito longe. Ele também andou muito bem nos paralelepípedos. Eu não esperava que ele fosse tão bem.”
Ao comentar sobre Pogacar, Kelly destacou o alto nível exibido pelo esloveno, mesmo sendo um estreante na clássica de pavé. “Fiquei surpreso com o quanto ele aguentou e como lidou bem com os setores de paralelepípedos. Não é fácil fazer isso logo na primeira tentativa”, avaliou.

“Mathieu van der Poel ataca mesmo com Philipsen ao lado”
Apesar da vitória dominante, Kelly expressou estranhamento com uma movimentação tática da Alpecin-Deceuninck ainda com cerca de 50 km para o fim da corrida.
“Quando Van der Poel e Jasper Philipsen estavam na frente com Pogacar, vimos Mathieu atacar mesmo com seu companheiro de equipe ao lado. Eram dois contra um, com boa vantagem sobre o grupo perseguidor. Então me perguntei: por que ele atacou?”
Para o ex-campeão, a situação pedia outra abordagem. “Seria melhor manter os dois na frente. Se um tivesse um problema mecânico, o outro ainda poderia ajudar. É um cenário ideal quando se tem dois da mesma equipe liderando”, analisou.

“Ele viu o companheiro como uma possível ameaça”
Sean Kelly levantou a hipótese de que Van der Poel tenha agido deliberadamente para deixar Philipsen para trás.
“Acredito que ele viu o companheiro como uma possível ameaça. Se Philipsen tivesse passado bem por certos trechos, como o Carrefour de l’Arbre, ele poderia ter sido uma presença muito forte no final.”
Segundo o irlandês, a rivalidade interna em uma equipe não é algo incomum. “Sim, eles são companheiros de equipe, mas não seria a primeira vez que veríamos algo assim acontecer dentro de uma equipe”, finalizou Sean Kelly.
