Lenda do ciclismo reage à dominância de Tadej Pogacar “muitas corridas são chatas porque ele é muito bom”
Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) permaneceu durante toda a temporada de 2024 no centro das atenções do ciclismo mundial. Desde março sua consistência e desempenho impecável em sequência renderam-lhe uma série de vitórias, demonstrando um domínio absoluto.
Com essa supremacia as reações dos fãs e dos adversários não demoraram a surgir, incluindo a visão de Sean Kelly, lenda do ciclismo, com nada menos que 158 vitórias profissionais, atualmente comentador do Eurosport, que acompanhou de perto as vitórias mais emblemáticas do Esloveno.
“Ele é capaz de fazer tudo”
Para Kelly, o talento de Pogacar é inquestionável e único, não só pelo seu desempenho em competições, mas também pelas suas características. “É incrível ver um cara fazendo esses Grand Tours. O talento que ele tem e a forma como pode atuar em diferentes corridas também”, disse Kelly em entrevista ao site Velo.
Ele destaca que Pogacar não é apenas um ciclista de Grand Tours, mas também de Clássicas: “Ele pode correr em Tours, pode correr em corridas clássicas, como o Tour de Flandres e a Strade Bianche. Ele pode fazer tudo. Como já disse muitas vezes nos comentários, ele é capaz de fazer tudo”.
“Agora ele ataca a 100km da chegada”
Kelly não hesitou em enfatizar o domínio do esloveno nas corridas, especialmente nas clássicas do outono italiano, onde Pogacar se firmou como o homem a ser batido.
“Ele estava dominando tanto no ano passado [2023] em muitas corridas, exceto no Tour. Atacando 40, 50k até a final. Agora está indo para 100k (Campeonato Mundial). Este ano elevou bastante seu nível em relação aos anos anteriores. Isso é certo.”
“É difícil tornar isso emocionante aos telespectadores”
Pogacar não teve adversários à altura no Giro d’Italia, mas mesmo no Tour de France, a maior prova do calendário, ele dominou completamente nas montanhas, deixando seus adversários para trás. Kelly comenta o impacto desse domínio para os telespectadores.
“É difícil quando você comenta isso e ele simplesmente vai embora faltando 40 ou 50 km. Isso significa que não há suspense algum no final das corridas agora. Como comentarista, é difícil tornar isso emocionante para os telespectadores”, revela o irlandês.
“Porque ele está lá fora e está um minuto ou um minuto e meio à frente, e eles estão atrás, e você pode ver que não vai ser fechado”.
“Muitas corridas são chatas porque ele é muito bom”
As vitórias de Pogacar são tão frequentes que, muitas vezes, seus oponentes nem tentam alcançá-lo após seus ataques iniciais. Kelly explica que a diferença de nível é evidente, e isso afeta a competitividade das provas.
“Muitas pessoas me perguntaram: ‘o que você acha de Pogacar, nesta corrida?’ Eu digo que muitas corridas são chatas porque ele é muito bom. Seria bom ter uma concorrência mais acirrada”.
“Quando Pogacar ataca faltando 40k para terminar. Você pode dizer, ‘eles vão ter que correr pelo segundo e terceiro lugar aqui, eles vão correr por um lugar no pódio'”.
“Pogacar atacou novamente, vou cortar a grama”
O comentarista do Eurosport conclui com uma reflexão sobre o impacto desse domínio para os fãs. “Para os nossos telespectadores, de certa forma é incrível o que ele está fazendo, assistir às performances de Pogacar”.
“Mas por outro lado, você diz que as pessoas vão ficar entediadas com isso? Se ele continuar fazendo isso, os espectadores dirão: ‘oh, Pogacar de novo, ele abriu uma lacuna, após mais um ataque com 40km para a chegada. Vou cortar a grama’”.