Polêmica sobre o uso Cetonas e Monóxido de Carbono aumenta “Não quero que meus filhos inalem gás tóxico” afirma CEO da empresa
O Mouvement Pour un Cyclisme Crédible (MPCC) expressou insatisfação com a lentidão da UCI em realizar estudos sobre o uso de Cetonas no ciclismo.
Em um comunicado, a organização, que reúne várias equipes do WorldTour, também reforçou sua posição contrária ao uso de Rebreathers de monóxido de carbono (CO). A polêmica em torno dessas práticas vem crescendo, especialmente após o Tour de France 2024.
Preocupação com demora de ações da UCI
Durante uma reunião realizada em Paris no dia 28 de outubro, o Movimento por um Ciclismo Credível (MPCC) denunciou o uso de medicamentos no esporte, destacando preocupações crescentes. Segundo a entidade, as cetonas continuam sendo um problema crítico, especialmente devido à demora na divulgação dos resultados de um estudo da União Ciclística Internacional (UCI) sobre o tema.
“A situação deixa o ciclismo e os membros do MPCC em uma posição desconfortável”, afirmou a organização, ressaltando a persistência de uma “zona cinzenta” no uso de substâncias.
Uso do Monóxido de Carbono para melhora do desempenho
Outro ponto de alerta, durante a reunião, foi a possível utilização do Monóxido de Carbono. Este gás, quando inalado, poderia simular os efeitos fisiológicos de um treinamento em altitude, prática que, segundo o MPCC, viola diretamente o código antidopagem, que proíbe a inalação de determinados gases.
“A técnica apresenta riscos graves, incluindo potenciais consequências fatais para a saúde. Considerando sua complexidade técnica e os preceitos do código antidopagem, o MPCC opõe-se fortemente ao uso dessa prática… até que seja formalmente proibida”, destacou a entidade.
A Controvérsia dos Rebreathers de CO
Durante a 2ª semana do Tour de France, a prática do uso de Rebreathers de CO veio à tona e gerou debates acalorados. Equipes como a UAE Team Emirates e Visma-Lease a Bike inicialmente hesitaram em reconhecer a existência da técnica, conforme publicou o Giro do Ciclismo aqui.
Mathieu Heijboer, diretor de desempenho da Visma-Lease a Bike, reconhece que a equipe utiliza o Rebreather.
“Temos trabalhado com Bent Rønnestad, cientista esportivo e especialista em fisiologia em altitude, há alguns anos para realizar essas medições no início e no final dos cursos de treinamento em altitude”, afirmou ele
A UAE Emirates usa o rebreather exclusivamente para testar ciclistas. “Não é terapia. É uma ferramenta de diagnóstico que utilizamos para saber qual é a fisiologia dos nossos atletas”, revela Adriano Rotunno, médico especialista da UAE Team Emirates.
Resposta da Detalo Health
A Detalo Health, empresa responsável pelos rebreathers de CO usados por equipes do WorldTour, respondeu ao posicionamento do MPCC, através do site Cyclingnews. Carsten Lundby, CEO da empresa e professor da University of Southern Denmark, afirmou que o MPCC precisa ser mais claro sobre o que exatamente deseja que seja proibido.
“Concordo completamente que devemos aconselhar contra o uso de inalação de Monóxido de Carbono com a intenção de aumentar os níveis de hemoglobina. Isso deve ficar claro. E já declaramos isso em inúmeras ocasiões”, afirmou Lundby.
“Não quero que meus filhos inalem gás tóxico”
“O uso de monóxido de carbono como uma ferramenta de diagnóstico médico é, claro, algo totalmente diferente, onde a intenção não é aumentar o desempenho, mas como uma ferramenta de diagnóstico. E isso, claro, não deve ser proibido, ou não pode ser proibido. Então, precisa haver um tratamento claro e distinto entre os dois”, ele acrescentou.
Ele continuou reforçando sua posição, afirmando: “Sou totalmente contra a inalação de monóxido de carbono com a intenção de aumentar o desempenho. Acho que é contra o espírito esportivo. Não quero que meus filhos inalem gás tóxico para se tornarem campeões mundiais”, finalizou Carsten Lundby.