Português José Azevedo sai em defesa de Lance Armstrong “tenho muito respeito, consideração e admiração por ele”
José Azevedo, um dos principais gregários de Lance Armstrong durante os anos de domínio do americano no ciclismo, concedeu uma entrevista franca ao canal português O Jogo.
Atual diretor da equipe portuguesa Efapel Cycling, Azevedo é um defensor incansável de um ciclismo limpo, apesar de ser questionado sobre seu passado nas polêmicas equipes US Postal Service e Discovery Channel, onde competiu entre 2004 e 2006.
Orgulho do passado, apesar das controvérsias
Azevedo é frequentemente lembrado por ter sido colega de equipe do polêmico Lance Armstrong, mas garante que isso não o preocupa.
“Tenho orgulho no meu percurso como ciclista. Tenho orgulho de ter corrido na ONCE (2001-2003), liderada por Manolo Sainz, que também teve problemas. E de ter corrido na US Postal e Discovery, de ser companheiro de equipa do Armstrong, de ter o Johan Bruyneel como diretor desportivo. São pessoas com quem aprendi muito de ciclismo.”
“Nunca fui assediado dentro da equipe para usar produtos dopantes”
Quando questionado sobre as críticas às equipes onde competiu, Azevedo foi direto: “É lógico que o digam, o Armstrong esteve envolvido num grande problema de doping. O projeto tinha esse lado, não era só o Armstrong. Mas se hoje sei que o Armstrong consumiu substâncias proibidas foi porque ele o disse. Porque nunca vi”.
“Nunca fui assediado dentro da equipa para usar produtos dopantes. Foi algo que me passou completamente ao lado. Tinha a minha missão na equipe, o meu calendário, as minhas responsabilidades, ia para as provas e sabia qual era o meu lugar e o que exigiam de mim, ajudar o Armstrong a ganhar. Só me preocupei com isso.”
“O que aconteceu, aconteceu a ele”
Naturalmente, Azevedo já foi questionado várias vezes sobre seu papel nas equipes de Armstrong, especialmente durante o período em que as confissões do americano abalaram o mundo do ciclismo.
“Já outro jornal me perguntou, quando o processo decorria, e quando ele confessou voltou a ligar. Repito o que disse: nunca vi, nunca fui assediado. Fiz o meu trabalho, tenho orgulho do que fiz na carreira. O que aconteceu, aconteceu a ele. Os corredores estão em sua casa, é aí que treinam. Não sei o que se passa na casa dos outros. Posso falar por mim.”
“Não vou falar mal dele, para mim foi do melhor que existe”
Ainda assim, Azevedo não guarda ressentimentos de Armstrong, reforçando o lado humano e companheiro do americano:
“Não vou dizer mal dele, porque como pessoa, como colega de equipa, para mim foi do melhor que existe. Nunca se comportou como vedeta, nunca teve uma falta de respeito conosco, sempre valorizou o nosso trabalho.”
“Tenho muito respeito, consideração e admiração por ele”
José Azevedo reconhece que a confissão de Armstrong transformou sua imagem no mundo do esporte.
“Agora é visto como a maior fraude do desporto. Cada um é livre de julgar. Tenho muito respeito, consideração e admiração por ele. Apesar dos erros que cometeu, não podemos esquecer que, como atleta, tinha muito potencial. Se ganhasse só por tomar produtos, então não valia a pena treinar, qualquer um podia ser campeão.”
Com uma visão equilibrada, José Azevedo defende um ciclismo limpo e honesto, sem, contudo, apagar as experiências que o moldaram como atleta e profissional.