As provas de contrarrelógio frequentemente decidem competições no ciclismo, exigindo intensa preparação. Em 2023, a abordagem a esse desafio difere significativamente daquela adotada há uma década.
Giampaolo Mondini, em uma entrevista para a revista italiana Bici, compartilhou sua experiência após participar de uma sessão no túnel de vento, com os ciclistas Primoz Roglic e Jai Hindley, ambos da BORA-hansgrohe, em outubro.
Durante essa sessão, o foco principal era aprimorar as posições e técnicas específicas para otimizar o desempenho nos contrarrelógios. Uma declaração notável de Mondini, se destacou nesse contexto.
Roglic faz treinos em casa
“Uma coisa muito interessante que Primoz me contou, é que ele usa a bicicleta de Contrarrelógio até três vezes por semana, mas no rolo”, disse o italiano em novembro. Bici conversou então com Marco Pinotti, especialista em Contrarrelógio na Itália. Ele correu pela BMC até 2013 e atualmente é chefe de equipe na Jayco-AlUla.
Pinotti afirmou que Roglic não é o único que atuelmente treina Contrarrelógio no Home Trainer. “Há muitos australianos que também fazem isso. Patrick Bevin foi o primeiro durante meu período na CCC. Ele morava em Girona, onde as estradas não eram movimentadas”.
“Eu o segui por alguns anos e imediatamente me perguntei: será que esses ciclistas saberão a melhor forma de passar pelas curvas em um Contrarrelógio? Frequentemente fazem o trabalho exigente nos rolos e depois partem nas suas bicicletas de estrada”.
Trabalho de intensidade no rolo
“Talvez sejam trabalhos de alta intensidade, e não contínuos”, revela Pinotti. O clássico over-under, ou seja, um minuto acima do limite e dois minutos abaixo. Ou 40 segundos abaixo e 20 segundos acima. Trabalhos estruturados que são difíceis de planejar na estrada”.
“É difícil ter uma estrada limpa sem trânsito ou rótulas (rotundas em Portugal). Portanto, há certamente o componente segurança e um pouco da necessidade de fazer bem o trabalho.
“Estes trabalhos são feitos em piso plano, enquanto que com uma bicicleta de estrada, são feitos na maioria das vezes em subidas, assim, a velocidade é mais lenta e há menos trânsito”.
“Mesmo que você encontre uma estrada secundária plana, o inesperado sempre pode surgir. Porque com a bicicleta de Contra-relógio, você vai a 60 km/h e encontra aquele na placa de pare, que subestima a velocidade do ciclista e entra mesmo assim. Basta um momento e temos um acidente…”, finaliza o especialista.