Rei da Montanha do Tour de France lança a polêmica “o que Tadej Pogacar fez é mais forte do que o que Eddy Merckx fez”
Thomas Voeckler, Rei da Montanha do Tour de France em 2012 e atual treinador da seleção francesa, viveu um ano especial em 2024. Com os Jogos Olímpicos em casa, a conquista de duas medalhas, além dos Campeonatos do Mundo e da Europa como eventos marcantes, a temporada foi superada.
Em entrevista ao Cyclism’Actu , ele refletiu sobre os momentos únicos do ano e, em particular, o domínio de Tadej Pogacar na temporada passada.
“O que ele fez, é mais forte do que o que Merckx fez”
Ao falar sobre o impacto de Tadej Pogacar, Voeckler fez uma comparação com o maior ciclista da história, Eddy Merckx, destacando as diferenças entre as épocas.
“Um ano à la Merckx… numa era que já não é a de Merckx. Onde tudo evoluiu, onde a concorrência é normalmente muito mais globalizada, onde todos têm, de certa forma, os mesmos métodos de trabalho, onde não há segredos, técnicas de treino, equipamentos e nutrição”.
“Então o que ele fez, é para mim, ainda mais forte do que o que Merckx fez. “Eddy Merckx e Bernard Hinault só eram mais fortes na base, só precisavam pisar nos pedais”, complementou Thomas Voeckler.
“O que 10 ciclistas faziam há 7 ou 8 anos, hoje 40 fazem”
Thomas Voeckler também comentou sobre o impacto da superioridade de Pogacar sobre os demais corredores, citando uma observação do francês Romain Bardet (DSM firmenich-PostNL).
“As palavras que me impressionaram foram as de Romain Bardet. Numa entrevista no início do ano, ele disse que o que apenas 10 ciclistas eram capazes de fazer há 7 ou 8 anos, hoje há 40 que conseguem fazer igualmente bem. Romain não é alguém que fala assim no ar.”
Esporte perde emoção com domínio de Tadej Pogacar?
Para Voeckler, as vitórias de Pogacar foram magníficas, mas também levantam uma questão: será que o excesso de domínio tira parte da emoção do esporte?
“Achei magníficas as vitórias dele, seu brio. Acho que só podemos amar Tadej Pogacar. Honestamente, eu adoro isso. Por outro lado, é chato, me desculpe. Quando ele larga o pelotão tão longe do final, atrás fica emocionante, porém é só pelo 2º lugar.”
Além de Pogacar, Voeckler apresentou outros casos de domínio absoluto, como Mathieu van der Poel na Paris-Roubaix e Remco Evenepoel na Liège-Bastogne-Liège.
“Agora, não devemos resumir esta situação a Pogacar. Se pegarmos nas clássicas Mathieu van der Poel fez o mesmo na Paris-Roubaix, assim como Remco Evenepoel na Liège e foi enfadonho, embora magnífico”.
“Mas todos concordam comigo: uma vez dito tudo isso, não encontramos muito o que dizer e não nos entusiasma como quando há suspense pela vitória”, finalizou Thomas Voeckler.