Tadej Pogacar utilizou novo método de treinamento em 2024, nova tendência tornou-se popular no World Tour
No ciclismo profissional, cada detalhe pode determinar o sucesso ou o fracasso. Milímetros, décimos de segundo, qualquer variação conta. Com esse nível de exigência, o investimento em inovações e pesquisa é crescente, afetando diretamente o desempenho em diversas disciplinas esportivas. Uma dessas inovações, que passou de método experimental para prática amplamente adotada, é o “Heat Training”, o Treinamento de Calor.
A ciência por trás do Treinamento de Calor
Carles Tur, chefe dos treinadores da equipe suíça Q36.5, explicou ao jornal espanhol AS, os benefícios que tornaram o Treinamento de Calor tão popular entre ciclistas profissionais.
“Está muito na moda, porque nos últimos 2 ou 3 anos vários artigos científicos mostraram que não só você se adapta para competir em um ambiente quente, mas também pode ter benefícios a nível sanguíneo, devido à expansão da massa de hemoglobina”.
“Sua percepção de esforço é menor e já foi demonstrado que com um ambiente muito quente você consegue 90% das adaptações fisiológicas para competir nesse cenário”, afirma.
Vantagens significativas sobre o Treinamento em Altitude
Comparado ao Treinamento em Altitude, o Treinamento de Calor apresenta vantagens significativas. “Cinco semanas de calor em atletas treinados de alto nível podem produzir o dobro da expansão da massa de hemoglobina do que em 21 dias de treinamento em altitude”, acrescenta Tur.
Apesar das vantagens, a prática não é isenta de riscos. “Se aplicar calor, há maior estresse oxidativo. Se você tiver algum problema gastrointestinal, ou seja, tiver o epitélio danificado e ele estiver quente, você vai danificá-lo ainda mais”.
“Você sempre tem que adaptá-lo às circunstâncias do momento. Tudo depende de cada pessoa, mas o ser humano, por si só, termorregula muito mal”, alerta Tur.
Orçamento de cerca de 200 euros
O treinamento requer atenção aos limites individuais dos atletas, mas a simplicidade de sua implementação é um ponto positivo. Em comparação com sofisticadas Tendas de Hipóxia, que podem custar cerca de 200.000 euros, o custo é muito mais acessível.
“Você só precisa de um rolo, uma barraca, um aquecedor e um umidificador. Quando participei na preparação dos velejadores para os Jogos de Tóquio, ficamos com um orçamento de cerca de 200 euros”, conta Tur.
Como funciona o Treinamento de Calor
Tur detalha o processo de uma sessão típica: “A gente começaria uns 25-30 minutos, veria a tolerância e, se a pessoa conseguir ir mais, iríamos para 40 ou 45 minutos. Sempre vindo de uma sessão externa, que seja de qualidade, para aumentar a temperatura interna e finalizar o trabalho com menor intensidade e adaptação ao calor. Sendo um espaço de tão poucos metros cúbicos, torna-se imediatamente como uma panela de pressão.”
Tadej Pogacar reduziu dificuldade em provas com muito calor
O impacto do Treinamento de Calor é evidente quando aplicado a ciclistas de elite. Um exemplo é Tadej Pogačar. Com a introdução desta prática em sua rotina, conforme indicou anteriormente, o esloveno alcançou em 2024 uma das temporadas mais impressionantes da história do ciclismo.
No Tour de France, Pogacar demonstrou uma performance superior em altas temperaturas, uma fraqueza que havia comprometido seu desempenho em edições anteriores.
O Treinamento de Calor, com seu baixo custo e benefícios significativos, consolida-se como mais uma ferramenta para maximizar o desempenho no ciclismo profissional, marcando uma nova era de preparação física e estratégia esportiva.
