Técnico da Eslovênia revela detalhes do ataque de Tadej Pogacar “escrevemos as diferenças de tempo nas garrafas de água”
O ataque prematuro de Tadej Pogacar no Campeonato Mundial do último domingo, como ele mesmo chamou, foi realmente fruto do improviso? Ou havia um plano por trás da estratégia eslovena? Afinal, não pareceu coincidência que Jan Tratnik, que estava na fuga, soubesse que seu capitão estava se aproximando.
O técnico da seleção da Eslovênia, Uros Murn, deu detalhes das movimentações da equipe, após o ataque vencedor de Pogacar ao canal holandês Wielerflits.
Estratégia da seleção eslovena
Durante a competição, Uros Murn, revelou que o plano inicial era lançar Pogacar apenas na última volta, mas acabou mudando de ideia. Assim, o ataque ocorreu a 100 quilômetros do fim. “Eu não diria necessariamente que iríamos esperar até a parte final”, afirmou Murn.
No momento do ataque, o líder da equipe contava apenas com Novak, que já estava exausto (e acabou abandonando a prova), e Roglic ao seu lado, enquanto Jan Tratnik estava na fuga.
Plano era colocar Tratnik, Roglic ou Novak na fuga
“Sabíamos que éramos mais fracos em comparação com outros países. Por isso, concordamos em adotar um plano B e sentir qual seria o momento certo”, explicou Murn. “E foi isso que aconteceu, caso contrário, Tadej poderia acabar sozinho em um grupo de cerca de vinte ciclistas. Ele viu isso perfeitamente.”
O plano era colocar Tratnik, Roglic ou Novak na fuga. Tratnik fez bem o seu trabalho, mesmo sem comunicação direta. “Chegamos tarde demais para comunicar do carro para nosso centro de informações”, contou Murn.
Tempos de diferenças registrados nas garrafas de água
Nos postos de alimentação, os eslovenos registravam as situações e diferenças horárias nas garrafas de água dos pilotos. Essa estratégia teve um pequeno contratempo quando Pogacar perdeu uma garrafa na última volta.
Mas como Tratnik sabia que Pogacar estava chegando? “Não temos os ciclistas mais fortes do mundo, mas são muito inteligentes. Jan viu no quadro de indicação que a vantagem caiu repentinamente de dois minutos e meio para um minuto e vinte segundos”.
Tratnik soube do ataque através de uma moto da organização
“Em seguida, uma moto de competição passou e Jan perguntou o que estava acontecendo. A moto disse que Tadej vinha sozinho. Jan imediatamente parou de pedalar, esperou que Pogacar o alcançasse. Isso faz dele um verdadeiro campeão”.
A percepção rápida de Tratnik e sua habilidade de se adaptar à situação foram essenciais para a estratégia eslovena. Sem comunicação direta, a intuição e experiência dos ciclistas desempenharam um papel fundamental para garantir que Pogacar tivesse o suporte necessário no momento exato.
Confiança no desempenho de Pogacar
Murn se mostrou confiante desde o início do ataque de Pogacar, que ocorreu a 100 km do final, e não declarou que ficou preocupado com isso. “Se Tadej decidir ir, é porque sente que é o momento certo e sabe que pode concluir. Eu não me preocupei com isso. Principalmente porque aquele grupo ainda estava na frente e Jan estava entre eles”, afirmou Murn.
Apesar do plano original não prever um ataque tão antecipado, Murn sempre manteve em mente a possibilidade: “Embora eu sempre tenha dito: talvez ele vá antes da última volta.” E foi exatamente o que aconteceu. O restante agora faz parte de um dos grandes capítulos da história do ciclismo.