UCI pressiona WADA por fim de controverso procedimento utilizado por Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard
Durante o congresso da UCI que está acontecendo nesta segunda e terça-feira em Nice, a entidade máxima do ciclismo, através do seu presidente, David Lappartient, lançou um alerta contundente, contra o uso da inalação de monóxido de carbono (CO) no esporte.
A prática, que ganhou notoriedade no Tour de France, após a informação que equipes como a Visma-Lease a Bike, a UAE Team Emirates e a Israel-Premier Tech utilizariam o método gerou polêmica e levantou questões éticas e de segurança.
A UCI agora apela às equipes e ciclistas para cessarem o uso desse método controverso e solicita que a Agência Mundial Antidoping (WADA), tome uma posição oficial sobre o assunto.
Declaração oficial da UCI e posição da WADA
A UCI divulgou um comunicado oficial durante o evento, abordando os riscos e implicações da inalação repetida de CO. “Os participantes do seminário foram informados sobre o conhecimento atual sobre os efeitos da inalação repetida de monóxido de carbono no desempenho”, declarou Lappartient.
A organização foi enfática: “A UCI pede aos ciclistas e equipes que não usem inalações repetidas de CO. Apenas o uso médico de uma única inalação, em um ambiente controlado poderia ser aceitável. A UCI também solicita à WADA, que tome uma posição oficial sobre o uso deste método pelos ciclistas”.
Controverso método poderia simular condições de altitude
O uso de Rebreathers de CO para simular condições de altitude foi revelado durante o Tour de France, trazendo à tona debates sobre os limites éticos e os riscos envolvidos. A prática gerou preocupação devido à toxicidade do gás, que pode ser fatal em casos de exposição prolongada.
As equipes argumentam que o método é usado apenas para medições pontuais, e não para inalações repetidas, consideradas potencialmente perigosas e supostamente capazes de melhorar o desempenho.
Posições de Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard
Ciclistas como Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard confirmaram o uso da técnica, descrevendo-a como um teste simples. “É um teste para ver como você reage à altitude”, explicou Pogacar.
“Você inspira e expira com um balão por dois ou três minutos, repetindo o processo após duas semanas para avaliar os efeitos de um período de treinamento em altitude”, complementou o Campeão Mundial.
Jonas Vingegaard também comentou sobre o sistema. “A inalação de CO envia algo para os pulmões que é comparável a fumar um cigarro. Não é algo perigoso. Não há nada de suspeito nisso. Medimos quantos glóbulos vermelhos você tem no sangue e o efeito de um período de treinamento em altitude”.
“Medimos o dia em que atingimos altitude e o dia em que descemos novamente. Vemos a diferença na quantidade de hemoglobina acumulada. Não há mais nada nisso”, afirmou Vingegaard.
Mathieu Heijboer, chefe de desempenho da Visma-Lease a Bike, também se posicionou sobre a prática, ressaltando que a equipe utiliza apenas diagnósticos, sem recorrer ao uso contínuo de CO. “É uma medição única para registrar algo. Gostaria de enfatizar que não usamos essa técnica para melhorar os níveis sanguíneos”, afirmou.