Vencedor de etapa do Giro d’Italia entra na polêmica da redução das coroas no ciclismo “reduzir as coroas não faria diferença”
A segurança no pelotão continua a ser discutida no mundo do ciclismo, principalmente após as declarações de Wout van Aert e Chris Froome, que cobraram medidas da UCI, para que as velocidades do WorldTeam sejam reduzidas, até mesmo com a diminuição da coroa, que alguns ciclistas chegam a utilizar modelos com 60 dentes.
Ex-ciclistas como Tejay van Garderen e Brent Bookwalter, que correram juntos por muitos anos na BMC Racing e se aposentaram, justamente no período em que as velocidades passaram a aumentar de forma impressionante, compartilharam suas opiniões sobre o assunto.
“Os ciclistas é que fazem a corrida segura”
“Eu odeio dizer isso, odeio ser a pessoa que fala ‘os ciclistas é que fazem a corrida mais segura’, mas é meio que verdade”, afirmou van Garderen, que venceu a 18ª etapa do Giro 2018, no podcast Beyond the Podium da NBC Sports.
“Antigamente, estávamos no Mallorca Challenge e não havia fuga, porque ninguém queria atacar. Andávamos devagar, aumentamos o ritmo no final e tudo se resolveu. Essas corridas no início da temporada eram mais seguras”, compara as duas épocas o estadunidense.
Hoje, no entanto, essa dinâmica mudou completamente. Em algumas graças, como nas etapas planas de Grandes Voltas, vemos situações em que as equipes priorizam tanto os resultados que evitam mandar qualquer ciclista para a frente, mesmo que isso pudesse gerar visibilidade para a equipe.
“95% do pelotão têm lobos frontais totalmente desenvolvidos”
A idade média dos ciclistas no pelotão é cada vez menor, com atletas jovens atingindo altos níveis de desempenho em idades precoces. Van Garderen abordou essa mudança com um tom irônico: “95% do pelotão nem sequer têm lobos frontais totalmente desenvolvidos, então eles vão arriscar sempre que tiverem a chance”.
Brent Bookwalter se solidarizou com a análise do colega, destacando as diferenças na mentalidade entre ciclistas jovens e veteranos: “Um jovem de 19 ou 20 anos tem um processo de tomada de decisão e um perfil de risco completamente diferente do Brent de 37 anos, prestes a se aposentar”.
“Reduzir as coroas também não faria diferença”
Nos últimos meses, algumas propostas foram discutidas para tentar reduzir os riscos, como a diminuição do tamanho das coroas das bicicletas para limitar as velocidades em descidas. No entanto, van Garderen não acredita que essa medida traria resultados práticos.
“Eles estão correndo do jeito que estão correndo, e o modo como corremos no final de nossas carreiras é o que tornaram as corridas muito mais perigosas”.
“Estou feliz por estar fora disso agora. Essas ideias, como reduzir o pelotão de equipes de 9 para 8 ciclistas, não fizeram diferença alguma. Reduzir as coroas também não faria diferença”.
“Os ciclistas aumentavam as coroas, eu mantinha minha 53”
Bookwalter compartilhou do mesmo ceticismo de Van Garderen, lembrando sua própria experiência: “No final da minha carreira, os ciclistas estavam aumentando o tamanho das coroas, enquanto eu mantinha meus 53”.
“A idade média do pelotão, não sei a estatística exata, mas, observando, está definitivamente caindo. Isso é mais um exemplo de como ‘os ciclistas é que fazem a corrida segura'”, finalizou Bookwalter.
