Christian Prudhomme o chefe do Tour de France há 17 anos, em recente entrevista, discutiu a evolução e o futuro do ciclismo, bem como o polêmico projeto de criação de uma liga de ciclismo, a Super League que aparentemente não incluiria a ASO (Amaury Sport Organization), empresa que realiza o Tour de France e Prudhomme chefia.
Evolução do ciclismo
Prudhomme começou a entrevista ao site francês cyclismactu discutindo a evolução que o ciclismo teve durante os últimos anos.
“O que tenho em mente é que durante 3, 4, 5 anos voltamos a ter corridas emocionantes. Temos corredores extravagantes, tudo isso é ótimo. O que me parece mais complicado nesta evolução do ciclismo é a carga mental dos corredores, que por exemplo devem ter muito cuidado 365 dias por ano com o que comem”.
“Eles estão cada vez mais em uma espécie de bolha. As gerações mais novas que nasceram com ela parecem adaptar-se perfeitamente, mas é certamente mais complicado para as mais velhas”.
Tour de France com novos espectadores
“No último Tour de France, um quarto das pessoas vinha pela primeira vez! E havia uma maioria de mulheres lá. Há dois anos, a faixa etária que mais assiste ao Tour na France pela televisão é a dos 15 aos 24 anos”.
“Nunca teríamos dito isso há 10 anos, para este esporte ‘velho’. E isso se deve principalmente ao comportamento dos campeões. Não é por acaso que os jovens regressaram”.
Polêmica Superliga o que você acha dela?
“Este não é o nosso projeto. É uma ideia que foi lançada, não consigo me expressar mais sobre isso. Não somos de forma alguma uma força motriz na ASO”.
Você se sente ameaçado?
“Ameaça ? Não. Eu não quero entrar nisso. Em primeiro lugar, não me interessa e não estou convencido de que muitas pessoas estejam interessadas nele. A maior força do ciclismo é que ele é um esporte gratuito para quem está à beira das estradas. Isso deve ficar”.
“A família Amaury sempre quis buscar contratos de televisão com canais de televisão gratuitos, gerais e, se possível, de serviço público. Só ganhamos dinheiro quando temos muitos espectadores”.
“O Tour é uma transmissão gigante em 190 países, seguida por 2.000 jornalistas. Ver o mundo à beira das estradas, tivemos até dificuldades e o preço da glória com um público ainda maior, mais jovem e portanto mais ‘dinâmico'”.
“Esta é a realidade do mês de julho, na maior prova de ciclismo do mundo. E quem quiser mudar alguma coisa, só precisa perceber isso”.
Proposta de mudança de ciclistas durante o Tour de France
Christian Prudhomme abordou também a proposta de Eusebio Unzué (Movistar), que recentemente afirmou que deveria ser possível para uma equipe, substituir um ciclista após uma queda grave, como aconteceu com Enric Mas, durante o Tour de France 2023.
“Isso não é novidade, porque mesmo quando eu tinha acabado de chegar na ASO já havia alguma coisa acontecendo. Não tenho certeza, mas me parece que foi Manolo Saiz quem teve essa ideia na época. A minha única resposta é muito simples: o ciclismo é um desporto individual praticado em equipe. Portanto, não é um esporte coletivo”.
“Não podemos vencer sem companheiros, isso é certo. A série da Netflix mostrou isso muito bem. Mas volto a dizer, é um desporto individual que é gerido por equipes. Se mudarmos para um esporte coletivo, não será mais a mesma coisa”, fianlizou Christian Prudhomme.