António Morgado revela drama vivido no Tour de Flanders: “eu não sabia onde estava, até comecei a chorar”
António Morgado está entrando em seu segundo ano com a elite do ciclismo mundial. Além disso, o ciclista de Caldas da Rainha pertence a galáctica equipe da UAE Team Emirates-XRG, que em 2024 apresentou uma das performances mais impressionantes da história do ciclismo profissional.
Antes do início da sua campanha de 2025, prevista para o final do mês no Trofeo Calvià (29.01), na Espanha, o português fez uma retrospectiva sobre o ano que passou e projetou a temporada que está iniciando aos colegas do canal TopCycling.
Morgado entra para a história na temporada 2024
A temporada 2024 de Morgado, já iniciou com marcas impressionantes, ele venceu a Classificação de Melhor Jovem na Volta ao Algarve. Logo após ele rumou para a Bélgica onde cravou o 2º lugar em Le Samyn, seguido de um espetacular 5º lugar no Tour de Flanders.
No Tour de Flanders ele entrou para a história ao ser o mais jovem ciclista a ser Top 5 na história dos Grandes Monumentos, nos últimos 80 anos, segundo o CyclingStatistics.
📊🔝With 20 years and 63 days, 🇵🇹António Morgado is the youngest rider in top-5 of a Monument in 80 years.
— Cycling Statistics 📊 (@StatsOnCycling) March 31, 2024
⏳Last rider younger was 🇧🇪Rik van Steenbergen in 🇧🇪RVV 1944. https://t.co/suKCPJMQw9 pic.twitter.com/JavfxFjjeA
O ciclista que está à frente de António Morgado registrou sua marca em 1944, Rik Van Steenbergen, que tinha 19 anos e 205 dias. Mesmo assim, Morgado é o 3º mais jovem de toda a história do Tour de Flanders, a finalizar entre os 5 primeiros.
Epopeia no Tour de Flanders
“No dia anterior, eu estava doente, não consegui treinar nem comer”, recorda Morgado durante a em entrevista.
“A equipe questionava se eu deveria correr ou não, e lembro que nos primeiros 100 km o objetivo era entrar na fuga, porque acreditavam que, se eu conseguisse, poderia lutar por um top 20, já que a fuga é capturada quando o grupo já está reduzido. Eu tentei, mas não consegui. Depois, tive os mesmos sintomas do dia anterior e fui para o carro médico.”
Apesar das adversidades, Morgado concluiu a prova de forma memorável. “Fiz a corrida sozinho, se fosse uma câmara comigo o dia todo aí sim era impressionante porque o que fiz ali nunca mais vou fazer. Foi inacreditável, no meu ponto de vista. Vim sempre descolado nos últimos 55 km e fiz tudo sozinho.”
“Algo que só meus amigos sabem: eu não sabia onde estava”
Morgado compartilha uma curiosidade que poucos sabiam: Uma curiosidade que só os meus amigos é que sabem: eu não sabia em que lugar estava, éramos três desde o Koppenberg, que foi a subida que fizemos a pé”.
“Não conseguia subir, estava sempre a escorregar, a bater com os joelhos, até comecei a chorar porque todos estavam indo embora e eu estava ali parado. Depois consegui meter e pensei ‘agora vou mostrar o que é’”.
“Fui apanhando, apanhando, passava e eles não vinham comigo (…) Comecei a ouvir no rádio ‘Tim estás a lutar pelo pódio’ e eu pensei ‘isto é bom para nós’, mas depois vi o Tim 10 segundos à minha frente… ‘então mas ele está a lutar pro pódio’. No Kwaremont, vou ser sincero, não ia ao máximo, ia bem, num passo bom.”
“Meu calendário será diferente. Não farei muitas clássicas”
António Morgado admite que ainda não será este ano sua estreia em um Grand Tour. “Ainda não é este ano, acho que ainda não tou bem preparado para fazer uma grande volta. Tudo com calma”.
“Em princípio irei fazer no próximo ano. Devo começar em Valência com provas de um dia, depois faço Mallorca, Figueira e Algarve. Não conheço as corridas. Aqui (em Valência ed.) é mais para rodar, em Mallorca já há corridas mais duras, com maior nível, vamos ver como é que corre.”
“Meu calendário será diferente. Não farei muitas clássicas, mas corridas por etapas diferentes: Tour de Pologne, Renewi Tour, Tour de Suisse”, revelou.
Morgado também participará de algumas clássicas da primavera, mas sem revelar quais. Ele admite ter preferência por corridas longas, de 5 a 6 horas, relembrando sua primeira experiência em uma prova extensa: a Gent-Wevelgem. “Gosto de provas maiores e mais longas. Em Gent, fiz mais de 250 km.”
“Gostaria de vencer tudo”
O jovem da UAE Team Emirates – XRG demonstra confiança em sua equipe técnica para crescer de forma sustentada. “Meu treinador é especializado em clássicas e treino muito para isso”, comentou, refletindo sobre sua jornada. “Tive muito azar nos últimos dois anos. Poderia ter vencido duas Nations Cups, mas por causa de um furo perdi as chances. Preparei-me bem, mas tive azar nas duas vezes.”
Apesar dos desafios, Morgado segue otimista: “Gostaria de vencer tudo. Agora estou focado nas provas de um dia”, finalizou António Morgado.