Biniam Girmay revela principal foco: a Milan-Sanremo “odeio o Poggio, fiquei para trás a 200m do topo, mas me sinto mais forte”
Nos últimos dois dias, a Costa Blanca, na Espanha, tem sido palco de chuva incessante e temperaturas atipicamente baixas para esta época do ano. Para Biniam Girmay, que chegou ao Training Camp da Intermarché-Wanty em Albir, vindo da Eritreia há apenas três dias, essas condições já representam um desafio.
“Odeio chuva e frio”
Seu companheiro de equipe belga, Laurenz Rex, não perdeu a oportunidade de brincar: “É de conhecimento geral que chuva e frio são os pontos fracos de Bini. Aí até eu posso vencê-lo no sprint.”
Confrontado com a provocação, Girmay sorri. “É verdade. Odeio chuva e frio, mas acho que poucos ciclistas gostam realmente dessas condições. Somente durante meu primeiro ano na Europa isso foi um problema, e eu só consegui melhorar metade da minha potência na chuva. Hoje em dia estou mais resistente a isso”, revelou o ciclista ao jornal belga Het Laatste Nieuws.

“Bini vem das alturas da Eritreia e naturalmente tem bons valores sanguíneos”
De acordo com Jean-François Bourlard, CEO da equipe, Girmay iniciará sua temporada de estrada em competições em Mallorca, logo após irá à Portugal ao Figueira Classic, e a Volta ao Algarve. O diretor esportivo, Aike Visbeek, explica a lógica por trás do planejamento: “Um programa quase idêntico ao de 2022, quando ele venceu a Gent-Wevelgem.”
“Bini vem das alturas da Eritreia e naturalmente tem bons valores sanguíneos. Comparado com os ciclistas europeus, ele segue o caminho oposto. Ele adquire resistência participando de corridas de preparação, já que não tem terrenos similares na Eritreia”, acrescenta Visbeek.

“Odeio o Poggio, fiquei para trás a 200m do topo, mas agora me sinto mais forte”
Seu calendário de primavera incluirá clássicas como Omloop Het Nieuwsblad, Kuurne-Bruxelas-Kuurne, Tirreno-Adriático, Milan-Sanremo, E3 Saxo Classic, Gent-Wevelgem, Dwars door Vlaanderen e o Tour de Flanders. Sobre sua afinidade com os paralelepípedos, Girmay afirma: “Adoro paralelepípedos, e minha subida flamenga favorita é a Oude Kwaremont.”
Embora tenha uma agenda cheia, Girmay destaca um objetivo principal na temporada: a Milan-Sanremo. “Tenho mais chances de vencer o Milan-Sanremo do que qualquer outra clássica”, diz o ciclista. Entretanto, em participações anteriores na “La Primavera”, seu melhor resultado foi um 12º lugar.
“Odeio o Poggio. Já fui o último, fiquei para trás no grupo da frente a duzentos metros do topo. Mas agora me sinto mais forte do que nos anos anteriores, e meu programa de corrida está mais bem pensado.”

“Felizmente, o povo da Eritreia não espera nada de mim”
Além das clássicas, havia grande expectativa para a atuação de Girmay no Mundial de Ciclismo, que será realizado em Kigali, Ruanda. Contudo, o ciclista prefere desviar os holofotes.
“Não eu, mas o meu companheiro de equipe Louis Meintjes (Sul-africano) é a maior estrela africana. Realmente, isso não é brincadeira! Vejo a Copa do Mundo principalmente como uma honra para mostrar minha linda camisa da Eritreia e, talvez, antecipar.”
Sobre suas chances no desafiador percurso, com 5.500 metros de altimetria, Girmay mantém a humildade: “Já corri esse percurso duas vezes e, com essa altimetria, tenho que ser realista. É quase uma pena ir com expectativas altas. Não sou Wout van Aert, que já venceu duas etapas do Tour com o Mont Ventoux.”
Girmay conclui destacando o apoio que recebe de seu país: “Felizmente, o povo da Eritreia sabe alguma coisa sobre a corrida e não espera nada de mim nesse percurso. O povo e eu esperamos muito dos próximos clássicos.”
