Numa viagem no tempo de exatos 30 anos, revisitamos o momento épico em que um ciclista brasileiro, Mauro Ribeiro, conquistou uma etapa do prestigiado Tour de France. Esse feito singular permanece na memória, sendo o único triunfo de um brasileiro na renomada competição europeia. Dos poucos compatriotas que participaram do Tour, como Murilo Fischer, Renan Ferraro, Luciano Pagliarini, Wanderley Magalhães, e o próprio Mauro Ribeiro, este último foi o único a subir ao pódio.
O inesquecível acontecimento se deu em 14 de julho de 1991, curiosamente no mesmo dia que celebra o principal feriado francês, o Dia da Bastilha. Na cidade de Rennes, o paranaense Mauro Ribeiro consagrou-se vencedor da etapa do Tour, assegurando uma margem de 22 centímetros de vantagem.
Ribeiro, já campeão mundial júnior no ciclismo de pista, despertou a atenção das equipes europeias e, em 1986, integrou a extinta equipe de ciclismo francesa RMO. No Tour, sua missão principal era apoiar o capitão da equipe, Charly Mottet, na busca pelo título. No entanto, Mauro também tinha suas chances individuais de vitória em etapas.
Na oitava etapa, Mottet enfrentou dificuldades, perdendo tempo significativo. A partir desse momento, os demais atletas da equipe receberam a autorização para buscar vitórias pessoais. Mauro Ribeiro não hesitou e aproveitou a primeira oportunidade que teve. Na nona etapa, entre Alençon e Rennes, ele emergiu de uma fuga de 16 ciclistas, escolhendo o momento certo para atacar no último quilômetro e conquistar a vitória. Laurent Jalabert, Dmitri Konychev e Giuseppe Calcaterra foram os ciclistas que chegaram logo após o brasileiro.
Em entrevista à ESPN, Mauro, que hoje é empresário, relembrou aquele dia emocionante. “É uma coisa que hoje eu acho que idealizo muito mais o feito do que naquele momento. Naquele momento, você está envolvido na competição, nas funções que está cumprindo, faltavam alguns dias para o Tour acabar. Foi muito marcante não só para a minha carreira, mas como um ato simbólico para a globalização do ciclismo, que era muito mais concentrado na Europa.”
Sobre o último quilômetro da corrida, Ribeiro recorda: “Olhei para trás porque eu estava no limite. Eu estava a 65 km/h! É difícil ir mais rápido em uma situação como aquela ali. Eu tenho o photo finish, foram 22 centímetros para eu ter perdido a corrida”.
Após a vitória, a importância de Ribeiro na equipe cresceu imediatamente. “Transformou minha carreira e meu status em relação aos grandes nomes. Greg LeMond, Gianni Bugno, chegaram e falaram ‘bem-vindo’ ao clube. São 200 que largam, mas menos de 10% têm a oportunidade de vencer dentro do Tour”, destaca o ciclista brasileiro. Na mesma edição do Tour, Ribeiro conquistou outro bom resultado, um terceiro lugar na 15ª etapa, encerrando assim sua participação nessa memorável jornada pelo ciclismo internacional.