Capitão da Bahrain Victorious fala sobre domínio de Tadej Pogacar “não sei se será positivo para o ciclismo”
Aos 34 anos e com 15 temporadas no World Tour, Pello Bilbao (Bahrain-Victorious) começa a considerar a possibilidade de encerrar sua carreira ao final de 2026, quando expira seu contrato com a equipe.
Apesar dessas reflexões sobre o futuro, o ciclista espanhol continua em alto nível como demonstrou neste início de temporada, conquistando pódios nas suas duas primeiras competições: a Volta a la Comunitat Valenciana e o UAE Tour (3º lugar na Classificação Geral das 2 competições).
Desempenho no UAE Tour
O ciclista subiu ao pódio do UAE Tour pela 3ª vez na carreira e comemorou o resultado conforme o espanhol revelou ao jornal AS.
“Estou super feliz com o resultado. Teríamos assinado isso no começo da semana e ainda mais antes da última etapa, porque eu não tinha total certeza. Conseguir isso é a melhor coisa que poderia ter me acontecido”.
Sobre sua performance na subida de Jebel Hafeet, onde avançou do 7º para o 3º lugar na classificação geral, Bilbao destacou a estratégia adotada:
“Estava claro que Tadej estava preparando o terreno para decolar, mas em nenhum momento pensei em responder ao seu ataque. Já tínhamos um plano em mente e tentamos executá-lo da melhor forma possível”.
Sentimento de não estar no nível de Pogacar
Bilbao também comentou sobre a disputa entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, que mais uma vez será o centro das atenções no Tour de France:
“Nós vemos isso um pouco de longe. Com a dor ou sentimento de não conseguir estar naquele nível e ter que lutar por outros objetivos. Hoje essa é a diferença entre os dois primeiros e os demais”.
“No ano passado, mesmo que Jonas não estivesse a 100%, já estava claro que a diferença era praticamente intransponível, e a briga era por aquele 3º lugar no pódio”.
“Espero que o desempenho deste ano não seja tão avassalador”
A atual geração de ciclistas, dominada por nomes como Pogacar e Vingegaard, tem gerado discussão sobre o impacto desse domínio no esporte. Bilbao analisou essa dinâmica: “Já vemos em 2025 que Tadej está dominando desde o início e que a UAE Emirates-XRG chegou a fazer uma dobradinha no Algarve (2ª etapa com Jan Christen e João Almeida)”.
“Espero que o desempenho deste ano não seja tão avassalador, porque o domínio que eles tiveram no ano passado foi exagerado. Espero que este ano seja um pouco mais equilibrado”.
Apesar desse cenário, o espanhol destaca a evolução do ciclismo em termos de espetáculo: “O ciclismo como espetáculo esportivo ganhou muito nos últimos 5 ou 10 anos. Parece muito mais atraente e agressivo para mim”.
“A luta está mais intensa do que nos anos anteriores. Tenho visto uma evolução”. No entanto, ele alerta para o risco de uma previsibilidade excessiva em algumas provas.
“Não sei se isso será positivo para o ciclismo”
“Nos últimos dois anos, talvez tenha havido corridas que perderam o interesse porque, só de olhar para as apostas, já estava muito claro que Tadej venceria. Assim como no Giro, que foi uma corrida um pouco fraca, onde o único interesse era saber quem acompanharia Tadej no pódio. Até mesmo na briga pelas etapas, a UAE dominou e controlou muitas delas”.
Para Bilbao, esse domínio imediato pode ser vantajoso para a UAE Emirates XRG, mas levanta dúvidas sobre seu impacto a longo prazo:
“Vejo que, no curto prazo, isso está dando bons resultados. Eles estão aproveitando ao máximo seu patrocínio e dando muita visibilidade aos Emirados Árabes Unidos. Mas a médio ou longo prazo, não sei se isso será positivo para o ciclismo”, finalizou Pello Bilbao.
