Ciclista do World Tour revela diagnóstico de autismo, “um dos melhores dias da minha vida”
Harry Sweeny é notavelmente sincero sobre seu autismo em uma entrevista detalhada ao site Escape Collective. O australiano, que compete pela equipe EF Education-EasyPost, recebeu recebeu um diagnóstico tardio. “Foi um dos melhores dias da minha vida”, afirmou Sweeny.
Seguindo os passos de ex-ciclistas como Greg LeMond, Jan Ullrich e Jonathan Vaughters, que também foram diagnosticados com autismo após suas carreiras, Sweeny se destaca como o primeiro ciclista ativo a revelar publicamente seu autismo.
Cinco horas brincando com um martelo
Embora seu diagnóstico tenha ocorrido mais tarde, sinais já estavam presentes desde a infância. “Quando analisaram meu comportamento infantil após o diagnóstico, as características do autismo ficaram claras.”
“Quando criança, eu me concentrava tanto em uma tarefa específica que simplesmente não conseguia ouvir as outras pessoas. Eu também era fascinado por construir coisas naquela época”.
“Por exemplo, passei cinco horas brincando com um martelo no quintal. Meus pais achavam que eu gostava, mas, em retrospectiva, isso foi um exemplo clássico de hiperfoco.” Outros indícios incluíam uma aparente falta de empatia.
Quebra-cabeça resolvido
Somente no verão de 2021, aos 23 anos, Sweeny começou a juntar as peças do quebra-cabeça. “Fui fazer compras em um Carrefour em Nice, onde moro, e todas as luzes e alto-falantes estavam desligados. De repente, me senti muito calmo e disse à minha namorada que era a primeira vez que eu podia fazer compras tranquilamente”.
“Ela pesquisou no Google e descobriu que isso era especialmente para pessoas com autismo. Então, procurei a definição de autismo e conversamos sobre isso, mas não fizemos mais nada na época.”
Diagnóstico em menos de 30 minutos
Mais de um ano depois, após sua segunda temporada como ciclista profissional no World Tour pela (então) Lotto Soudal, Sweeny decidiu procurar um psicólogo.
“A psicóloga me disse que é mais difícil detectar o autismo em adultos porque eles alcançaram muitas coisas na vida sem um diagnóstico. Mas, em menos de trinta minutos, ela chegou ao diagnóstico: você tem autismo. Voltei para casa e disse à minha namorada que foi um dos melhores dias da minha vida.”
“Agora sei melhor por que às vezes penso e ajo irracionalmente e por que fico frustrado. Também consigo entender melhor o que os outros pensam e sentem. Esse é o meu maior desafio: tentar me colocar no lugar dos outros.”
“Antes do meu diagnóstico, eu não conseguia entender por que alguém ficaria com raiva se eu não estivesse. Dizer isso em voz alta parece muito estranho, mas alguém com um cérebro atípico, realmente não consegue imaginar que as pessoas vejam o mundo de uma maneira diferente”, finalizou o australiano.
