Mario Cipollini faz duras críticas à Vuelta a España “sem Tadej Pogacar e João Almeida, é um ciclismo diferente”
Em entrevista concedida ao portal Tuttobiciweb, o lendário e sempre polêmico Mario Cipollini fez duras críticas à Vuelta a España, referindo-se à edição mais recente como uma competição de menor importância.
O italiano, que venceu 12 etapas do Tour de France 42 etapas do Giro d’Italia e 3x a Classificação de Pontos da Vuelta, é conhecido por suas opiniões fortes, não poupou os organizadores e destacou sua insatisfação com o nível da corrida e o percurso escolhido.
“Eu chamaria de Vueltita”
Cipollini, que em sua carreira costumava evitar as montanhas mais desafiadoras dos Grand Tours, foi direto em sua avaliação: “Eu chamaria de Vueltita. Não vi muita coisa, não houve muita luta”, afirmou.
Segundo o ex-ciclista, a prova deste ano apresentou pouca emoção, especialmente pelo desempenho das equipes. “A corrida viveu da ação um tanto surpreendente de Ben O’Connor. Seus rivais foram alcançando-o pouco a pouco, mas nunca o deixaram de joelhos”, disse ele, referindo-se à resistência do australiano Ben O’Connor, um dos destaques da competição.
“A melhor equipe foi a Decathlon, isso diz muito”
Cipollini também elogiou a equipe de O’Connor, a Decathlon AG2R La Mondiale, mas usou esse reconhecimento para criticar o nível geral da competição: “A equipe mais forte foi a Decathlon, e isso diz muito sobre o nível desta corrida.”
“Sem Pogacar e Almeida é outro ciclismo”
Cipollini destacou o desempenho de Primoz Roglic (Red Bull Bora), apesar de criticar o nível dos competidores. “Ele era o mais forte, sem dúvida, embora eu diga que ele não estava 100 por cento”. No entanto, o italiano ressaltou que a ausência de grandes nomes, como Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, impactou diretamente o nível da competição.
“Quando você tem Pogacar e a UAE Team Emirates, o que não aconteceu aqui com o abandono de Almeida, e Yates que não estava em sua melhor forma, Vingegaard, Evenepoel, é um ciclismo diferente. Uma diferença enorme”, comparou Cipollini, sublinhando a diferença entre a Vuelta e o Tour de France.
“Cinco mil metros de altimetria e zero diversão”
Cipollini também criticou o percurso, alegando que a ênfase nas chegadas em alta montanha acabou limitando as possibilidades de grandes disputas. “Muitas chegadas em subidas muito difíceis significam que são criadas menos possibilidades”, disse ele, afirmando que esse tipo de desenho de corrida favorece uma menor ação nas etapas.
Além disso, o ex-sprinter destacou que o cansaço extremo provocado pelas etapas mais duras acaba prejudicando o espetáculo. “Vejo arrogância na forma como as corridas são organizadas. Buscando cada vez mais o extremo, que muitas vezes se torna exagerado, sem pensar nos corredores”, criticou.
Para Cipollini, essa abordagem acaba tirando a diversão e a competitividade, como aconteceu na 20ª etapa da última edição da Vuelta: “Cinco mil metros de altimetria e zero diversão porque não sobra força.”